sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ano de 2010

Leitores do blog e do jornal O Marreco,

neste ano de 2010 nos lançamos num novo caminho, um meio até então desconhecido para nós, uma trilha que acreditamos que nos possibilitará chegar nalgum lugar que é aquela casa que um dia talvez já a habitamos e que hoje está ocultada pelas nuvens do nosso tenso cotidiano, uma casa que abrigará todos os seres vivos da face da Terra. Um local para que tudo e todos possam estar em equilíbrio, um mundo sociambientalmente adequado.

É por acreditar numa sociedade mais justa e num planeta mais saudável que estamos nos esforçando para que o O Marreco possa contribuir para aprofundar nossas reflexões e intensificar nossas ações na construção do nosso planeta ambientalista. E para além dos nossos esforços - equipe O Marreco - temos toda a energia cedida por todas aquelas pessoas que de alguma forma contribuíram através de textos, fotos, leituras, acessos, comentários e sugestões. Essa energia que foi cedida para o O Marreco demonstra que muitos já se apropriaram desse espaço, onde desejamos que muitos mais se sintam pertencentes ao nosso grupo, pois a construção do Jornal O Marreco tem objetivado deixar claro que esse espaço pertence a Gestão Ambiental.

Neste ano foram lançadas quatro edições com textos de diversas regiões do país, e tivemos dezenas de publicações no blog, esse é um motivo para nos orgulharmos, mas temos a consciência da importância de aprofundar as análises e reflexões e expandir o acesso a esse canal para que sejam somadas visões diferentes de tal modo que toda a sociedade possa desenvolver um espírito crítico através da diversidade.

E é assim que encerramos as atividades deste ano, com a satisfação de ter contribuído para uma melhoria socioambiental e com a esperança de que o ano próximo possa ser ainda mais intenso.

Desejamos a todos os seres vivos do universo luz para nos tornarmos sábios.

Retornaremos com a atualização desse espaço no dia 16 de janeiro de 2011.

Cordialmente

Equipe O Marreco.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Uma das faces da nossa relação com o Carro.

Por Alberto Kirilauskas


Me parece sensato dizer que o carro é uma tecnologia que muito interessa ao ser humano. Deslocamentos mais rápidos e confortáveis são benefícios do desenvolvimento dessa técnica, porém, quando nos tornamos demasiadamente interessados pelos benefícios, acabamos não observando que o uso dessa técnica possui faces perversas.


"OS CURIOSOS ATRAPALHAM O TRÂNSITO

GENTILEZA É FUNDAMENTAL
NÃO ADIANTA ESQUENTAR A CABEÇA
NÃO PRECISA AVANÇAR O SINAL
DANDO SETA PRA MUDAR DE PISTA
OU PRA ENTRAR NA TRANSVERSAL
PISCA ALERTA PRA ENCOSTAR NA GUIA
PÁRA-BRISA PARA O TEMPORAL
JÁ BUZINOU, ESPERE NÃO INSISTA
DESENCOSTE O SEU DO MEU METAL
DEVAGAR PRA CONTEMPLAR A VISTA
MENOS PESO NO PÉ DO PEDAL
NÃO SE DEVE ATROPELAR CACHORRO
NEM QUALQUER OUTRO ANIMAL
TODO MUNDO TEM DIREITO A VIDA
E TODO MUNDO TEM DIREITO IGUAL

MOTOQUEIRO, CAMINHÃO, PEDESTRE
CARRO IMPORTADO, CARRO NACIONAL
MAS TEM QUE DIRIGIR DIREITO
PRA NÃO CONGESTIONAR O LOCAL
TANTO FAZ VOCÊ CHEGAR PRIMEIRO
O PRIMEIRO FOI SEU ANCESTRAL
É MELHOR VOCÊ CHEGAR INTEIRO
COM SEU VENOSO E SEU ARTERIAL
A CIDADE É TANTO DO MENDIGO
QUANTO DO POLICIAL

TODO MUNDO TEM DIREITO A VIDA
E TODO MUNDO TEM DIREITO IGUAL

TRAVESTI, TRABALHADOR, TURISTA
SOLITÁRIO, FAMÍLIA, CASAL
TODO MUNDO TEM DIREITO A VIDA
E TODO MUNDO TEM DIREITO IGUAL

SEM TER MEDO DE ANDAR NA RUA,
PORQUE A RUA É O SEU QUINTAL
TODO MUNDO TEM DIREITO A VIDA
E TODO MUNDO TEM DIREITO IGUAL

BOA NOITE, TUDO BEM, BOM DIA
GENTILEZA É FUNDAMENTAL
TODO MUNDO TEM DIREITO A VIDA
E TODO MUNDO TEM DIREITO IGUAL

PISCA ALERTA PRA ENCOSTAR NA GUIA
COM LICENÇA, OBRIGADO, ATÉ LOGO, TCHAU
TODO MUNDO TEM DIREITO A VIDA
E TODO MUNDO TEM DIREITO IGUAL"

Rua da Passagem - Trânsito

Lenine/Arnaldo Antunes

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Rio Corumbataí





"Atirei um limão n'água,
foi levado na corrente.
Senti que os peixes diziam:
Hás de amar eternamente."

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mídia ambiental: a união poderia fazer a diferença

Por Rachel Trovarelli

Matéria retirada no site Envolverde (http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=84314&edt=1) traz um pouco sobre a situação da Mídia Ambiental no Brasil. É importante perceber os 2 pilares citados por Vilmar que sustentam a Mídia Ambiental: Políticas públicas e comercio.

Além desse aspecto, destaco a importância do acesso a informação ambiental, formando sociedades sustentáveis.

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03/12/2010 - 12h12
Mídia ambiental: a união poderia fazer a diferença

Por Vilmar Berna*, do Portal do Meio Ambiente

Injustamente, a publicidade e o marketing têm sido considerados os primos pobres da comunicação, onde o jornalismo é tido como lado, digamos, mais nobre e elegante. É injusto por que sem a viabilidade econômica não existe independência jornalística, nem jornalismo. O que afeta comercialmente aos veículos, afeta aos empregos, às promoções e principalmente à democracia e o acesso da sociedade a informação estratégicas para que possa fazer escolhas melhores num momento em que precisa se definir entre um modelo tradicional predatório e injusto e outro sustentável. Então, a existência ou não de uma mídia ambiental forte não é um assunto comercial, mas político e da essência da própria democracia e sustentabilidade.

Diante da impossibilidade de sobrevivência econômica com venda em bancas ou de assinaturas, a mídia ambiental é como um barquinho a vela movido graças à forca dos ventos de seus anunciantes, sofrendo com momentos de calmaria onde os anúncios desaparecem, alternando-se aos momentos de ventos fracos. Na mídia ambiental não tenho conhecimento de ventos fortes.

À primeira vista não se trata de um problema particular de um ou outro veículo, mas uma falta de vento que afeta a todos, em especial aos veículos com uma única vela voltada para os anúncios que sopram do Governo Federal e de suas empresas associadas. O ideal é os veículos terem mais velas para também receberem outros ventos de empresas de tecnologias e da área ambiental que não dispõem de muito dinheiro para investir em publicidade, mas que podem suportar valores menores, etc. Tradicionalmente, a cada mudança eleitoral os recursos desaparecem, até por conta dos impedimentos legais, agravado pela mudança administrativa até que os operadores que controlam os ventos saibam como e para onde orientá-los, decisão que naturalmente não cabe a eles, mas aos que os influenciam. E ainda tem a mudança de ano, onde as verbas publicitárias do ano que finda já acabaram e as do ano novo ainda não foram aprovadas.

A maneira de sobreviver neste cenário é economizar nas vacas gordas e esperar que a calmaria passe. Trata-se uma atitude prudente, mas passiva que tem mais ou menos dado certo, mas ao custo de vermos minguar as tiragens, os números de páginas e de edições, e comprometer cada vez mais a capacidade das mídias ambientais em contratarem e manterem seus profissionais e, principalmente, de atenderem o objetivo principal: chegar ao distinto público. Assim, a mídia ambiental virou praticamente uma empresa familiar, ou dependente da dedicação voluntária de alguns abnegados que assumem a tarefa mais por compromisso ideológico que por sobrevivência econômica. Geralmente existe um editor, no fundo o único ou o principal responsável por conseguir as verbas para manter o veículo a serem administradas pelos demais membros da equipe que por sua vez constituem motivo de pressão e preocupação do editor em manter seus empregos.

Na verdade, este é um assunto requentado. A mídia ambiental já tomou a decisão de mudar e de atuar coletivamente ao decidir pela fundação da ECOMIDIAS - Associação das Mídias Ambientais. Entretanto, entre as promessas de mudanças, as palavras e a boa intenção, faltou prática em quantidade e qualidade suficiente para a enormidade da tarefa que se desdobra em duas grandes ações, uma no campo das políticas públicas para a democratização da informação socioambiental e outra comercial, para assegurar uma distribuição mais justa das verbas de publicidade entre uma mídia comprometida com o consumo, o desperdício e a continuidade do atual modelo e uma mídia comprometida com a sustentabilidade e com um novo modelo.

No campo das políticas públicas, a ECOMÍDIA associou-se à RBJA (Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental) e à REBIA (Rede Brasileira de Informação Ambiental) e juntos conseguiram sensibilizar demais setores da sociedade até desaguar no Ministério do Meio Ambiente, na época tendo à frente a Ministra Marina Silva, que criou um Grupo de Trabalho para tratar da questão da Comunicação Ambiental que de fato nunca se reuniu e acabou no esquecimento pelos próprios interessados - que dirá dentro do Governo, que acertadamente se move por pressão e interesse da sociedade.

No campo comercial, a mídia ambiental fez uma reunião com o ex-ministro Sarney Filho, coordenador na época da bancada ambiental no Congresso Nacional, e que conseguiu uma reunião dos editores da mídia ambiental com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, ligada à Casa Civil, que é de onde partem as decisões sobre a distribuição das verbas de publicidade do Governo Federal, ou onde se referendam as decisões das empresas ligadas ao Governo Federal. Funcionou durante algum tempo, mas política é que nem as nuvens, mudam a todo instante, e já passa da hora de refazer estes caminhos.

Importante ressaltar que, em nenhum momento foi ou será negociado a independência jornalística da mídia ambiental. Tratam -se de verbas públicas que a sociedade em geral - e em particular as organizações do terceiro setor que dependem desses veículos para democratizarem suas ações, resultados e reivindicações, os proprietários de veículos de comunicação e os profissionais que militam nessa área - tem todo o direito de reivindicar que sejam mais bem distribuídas, num contexto de fortalecimento democrático e da sustentabilidade. Distribuir todas as verbas públicas para fortalecer uma mídia comprometida com o modelo predatório de desenvolvimento não é exatamente ser isento, democrático e muito menos defender a sustentabilidade.

Então, se a escolha das mídias ambientais for por fortalecer a ECOMIDIAS, os editores de mídia ambiental precisam mudar a estratégia. As mesmas decisões de sempre só nos conduzirão aos mesmos lugares que já estamos chegando. Precisamos ser mais proativos, dividir tarefas e responsabilidades, assumir custos para a sobrevivência da organização. Entre as tarefas a serem divididas está a de buscar apoio na base aliada do Governo no Congresso Nacional e entre os novos governadores eleitos. Abrir - e manter abertos - canais de diálogo e negociação com a Presidência da República/SECOM, com as empresas do Governo Federal que anunciam na mídia ambiental (Petrobras, Furnas, Banco do Brasil, Caixa, Eletronorte, etc.) apresentando-se de forma unida e organizada - e, muito importante, aliada às organizações do terceiro setor que dependem da existência de uma mídia ambiental forte para a democratizarem suas informações e resultados.

Do ponto de vista comercial, é importante negociar uma proposta coletiva diferente dos atuais 30% de desconto indiscriminado para toda e qualquer quantidade de anúncio. Poderíamos negociar outra proposta, por exemplo, 50 % de desconto para anunciar uma única vez em todas as mídias ambientais associadas ao mesmo tempo, por exemplo, campanhas como a das Queimadas. E individualmente, negociar e descontos escalonados em função do número de anúncios num mesmo veículo, por exemplo, 10% para um a dois anúncios; 20% para três a quatro; 30% para cinco a seis; 40 % para sete a oito; 50% para nove a doze anúncios no mesmo veículo. Os veículos da mídia ambiental assegurariam um percentual, digamos, de 5% para a ECOMÍDIAS e mais uma contribuição mensal de, digamos R$ 150,00, para a ECOMÍDIAS manter uma pequena estrutura em Brasília para fazer o acompanhamento das negociações, manter abertos os canais de negociação e representar os veículos da mídia ambiental em eventos, seminários, congressos, etc.

Feito bem este dever de casa, e com a retomada dos anúncios, a ECOMÍDIAS passaria então a buscar os governos estaduais e prefeituras de grandes cidades, assim como grandes empresas privadas interessadas na divulgação socioambiental de seus resultados e ações, ampliando e fortalecendo a democratização da informação socioambiental no Brasil. Uma vez por ano, a ECOMÍDIAS, associada a RBJA e à REBIA, além de outros parceiros, organizaria um Congresso Nacional para avaliação da democratização da informação socioambiental no Brasil, conduzindo uma pesquisa de opinião sobre o tema e concedendo um prêmio anual aos que mais se destacaram neste campo, tudo com o patrocínio de projetos que ajudariam no financiamento das próprias atividades da ECOMÍDIAS durante o restante do ano.

* Vilmar Sidnei Demamam Berna é escritor, com cerca de vinte livros publicados, destacando-se “O Desafio do Mar”, “É possível ser feliz”, “O desafio de escolher”, entre outros. Vilmar é também jornalista, em 1966 fundou a REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental e a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente) e o Portal do Meio Ambiente (http://www.portaldomeioambiente.org.br/). Como ambientealista, fundou a UNIVERDE e os Defensores da Terra, duas organizações da sociedade civil sem fins lucratiuvos dedicadas à defesa do meio ambiente. Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas – http://www.escritorvilmarberna.com.br/

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

4° Edição do Jornal O Marreco


Já está disponível para download a 4º Edição do Jornal O Marreco.
Para baixar, vizualize a edição no canto esquerdo da página inicial do blog, no painel de edições.

Equipe O Marreco

Editorial

Equipe O Marreco

Chegamos a nossa 4º edição. Lá se vai mais um ano e sempre nesse período costuma-se refletir sobre os avanços ao longo dos últimos 12 meses. Para os editores do Jornal O Marreco, trata-se de uma vitória completar um ano nesse projeto.

A idéia surgiu no finalzinho de 2009, era uma promessa, porém algo muito complexo para o Centro Acadêmico de Gestão Ambiental (CAGeA). Assim, algumas pessoas aleatórias, que nem faziam parte da instituição, resolveram abraçar o projeto. Aos trancos e barrancos fomos produzindo, vencendo cada dificuldade e a maior vitória, com certeza foi manter a periodicidade proposta.

A atuação de diversos colaboradores e editores que passaram foi muito marcante. Pessoas entusiasmadas que ajudaram a dar a cara do Jornal, as diretrizes básicas até haver uma mínima consolidação. Aos poucos fomos nos estruturando e agora esse processo sente terras cada vez mais firmes embaixo dos pés.

As perspectivas para 2011 são bastante motivadoras, assim como os desafios de sustentabilidade logística do projeto. Manter O Marreco em atividade é algo que vai além do trabalho cotidiano do CAGeA, pois quem abastece esses espaços (tanto o jornal impresso quanto o blog) são estudantes e comunidade em geral, não apenas os editores. Quando não houverem mais textos, quando os cidadãos não necessitarem mais de espaços como esse para compartilhar informações e reflexões, acaba a função deste periódico nesse formato.

A conquista da consolidação estrutural d’O Marreco visa intensificar a proposta de aproximação da sociedade e da universidade, contemplando também aspectos teóricos, reflexivos e práticos da Gestão Ambiental, enquanto curso e enquanto ferramenta técnica e política. A participação ao enviar materiais, traz um momento de reflexão do assunto proposto. Quanto mais houver esse fomento de atividades políticas, seja ela pessoal ou coletiva, aumentamos a criticidade, mobilizando até um plano de potencializar algum tipo de ação. E aí sim, estaremos contribuindo de forma significativa para a sociedade.

Quando o acesso a informação se transforma num processo educativo, gerando reflexões, temos a abertura para a mobilização e transformação de uma realidade. Essa é a utopia para 2011, ser um canal de comunicação participativo fomentando a construção de uma sociedade sustentável ambientalmente e socialmente.

Sugestões e críticas metodológicas são bem vindas. Mais “mãos” para contribuir com o processo também. Lembramos que estamos ainda no começo e essas diretrizes ainda são um objetivo e não necessariamente uma realidade. A proposta é em 2011 aproximar ainda mais essas utopias, com a participação cada vez maior de todos os interessados.

Ética no Pindorama

Por Laís Trovarelli

Em época de disputa política, basta que se anuncie o horário eleitoral obrigatório para que milhares de televisores sejam desligados. Essa atitude simples reflete um aspecto que é comum a grande parte da população: a omissão espontânea frente à assuntos políticos.

Essa tendência que os brasileiros desenvolvemos a associar a palavra "política" com "corrupção" e "chatice" segrega de forma quase intransponível Estado e população. Com absoluto desinteresse em relação às atividades de seus governantes, o povo limita-se a generalizá-los passivamente, como se a falta de ética de que os acusam fosse aceitável.

Escândalos que acabam chegando à população são logo esquecidos. Sob eles, deposita-se o conformismo e a idéia de tratar-se de um problema da "sociedade", essa massa invisível da qual o indivíduo não reconhece sua participação.

Enquanto houver essa falta de identificação do brasileiro com a sua nação, ele não estará apto a protege-la, seja em pequena ou em grande escala. Assim, a ética tupiniquim permanece um tanto preguiçosa, precisando de um estímulo que a desperte.

O que Newton diria disso?

Por Fabrício Zambon

Construir um mundo novo, novas paisagens, viver de formas “sustentáveis”, enfim, qualquer que seja nossa utopia como profissionais ou futuros profissionais da área Ambiental, ela só é atingida com dois movimentos necessariamente dependentes. O movimento externo, e o interno de construção de cultura. Sim, cultura. Não se trata de mudar as estruturas de poder apenas, ou as relações de trabalho etc. Se trata de mudar a forma de pensar e agir em todas as relações humanas com os seres e espaços que coexistem conosco.

O movimento interno trata-se de formação do ser e o externo de desenvolvimento das sociedades, ou seja, dos coletivos. É a conhecida dialética histórica, porém tratada de forma mais “intimista”, levando em conta também o processo de transformação necessária dos indivíduos em conjunto com as estruturas sociais, econômicas e, é claro, as condições ambientais.

Muitos dizem que somos parte integrante do meio, e com isso concordo, e talvez por isso, precisemos de mudanças objetivas ao nosso redor para ter mudanças internas, mas também precisamos ter mudanças objetivas internas, para interferir na condição objetiva do espaço socioambiental. E isso cria condições para mais mudanças internas. E assim sucessivamente. Para compreender tal afirmação, basta imaginar um possível motivo para termos um hábito. No Brasil, por exemplo, o clima influencia nosso costume do banho diário, herdado de culturas indígenas. Se a neve fosse uma constante, talvez o costume fosse outro. Mas mesmo com a condição ambiental, a variável humana é importante. Sem a iniciativa e percepção do mundo desenvolvida autonomamente por determinadas sociedades que aqui vivem, tal costume nunca existiria. Ele é criação humana, e criatura da realidade ambiental. Nem mais uma coisa, nem mais outra.

É de fato, muito difícil definir o que deve vir primeiro nesse ciclo de construção da história e da cultura, e em verdade, acredito que não há algo que venha antes. O movimento é circular, e portanto, sem pontas. Porém, em meio a tanta complexidade, para o entendimento do processo, pode-se dizer que há um pouco de “positivismo” nisso tudo. Esse movimento dialético é como uma bola que vai subindo uma escada. A cada mudança ser/sociedade é como se a bola estivesse subindo um degrau. No primeiro degrau, por exemplo, o mundo volta suas atenções para as questões socioambientais. A informação é exigida, e há condições para sua difusão. Assim, ela começa a se “espalhar” um pouco, pois pessoas, intimamente, buscaram interpretar sua realidade de forma diferente.

Nesse primeiro degrau, cria-se a condição para a mudança de alguns hábitos, pouco a pouco. Pois cada degrau é largo, e antes de subir mais um degrau, a bola continua rolando no mesmo plano por um bom tempo. Aliás, cada degrau tem um tamanho diferente, e a depender do ângulo que se olha pode parecer maior ou menor.

Mas chega o segundo degrau, e novas coisas acontecem no movimento da bola ser/sociedade. Cria-se pouco a pouco a condição para a mudança de costumes. Os hábitos que foram se transformando agora caracterizam comportamentos mais abrangentes. E assim por diante, até que se chegue em valores, pautados agora, depois de tanto movimento, já em uma nova realidade; e por fim, nota-se que a cultura foi se transformando pouco a pouco, e é agora bem diferente do que fora no primeiro degrau, pois novos valores, são condição (não a única) para uma nova forma de ser e estar no mundo, partilhada por esse binômio identidades individuais e identidades coletivas.

Mas o que Isaac Newton diria disso? E a lei da gravidade, onde fica? Ela, ao contrário do que parece, não está sendo desprezada. O subir dos degraus depende de uma força motriz. A “bola” não sobe magicamente. É preciso que algo ocorra para dar aceleração e configurar o movimento contra gravitacional. Ora, de onde vem essa força motriz? Muito difícil de dizer. Talvez, seja de uma catástrofe, ou uma grande idéia de um indivíduo. Uma pressão fora do nosso controle. Mas ainda assim, tais fatos se misturam no movimento circular de construção cultural. O que vem antes é subjetivo, essa força motriz talvez pertença ao mistério da filosofia profunda, assim como os mitos residem nos becos, nos bosques e na imaginação. Lugares onde a razão não consegue penetrar. Locais onde os hermeneutas da racionalidade cartesiana não são bem recebidos. Seja como for, isso pouco importa. Importa dizer que sim, há sempre uma força motriz por trás de todo movimento que rompe com a inércia.

A única coisa que se parece saber sobre essa força, é que ela, como qualquer outra força, é uma soma de vetores. Nesse caso dois. E novamente, percebe-se de onde vem tais grandezas. O vetor do ser, e o da sociedade. O que ocorre, é que normalmente falamos do vetor da sociedade nos nossos anseios por entender o mundo e vislumbrar caminhos para ele. É como se soubéssemos em que direção ele deve estar para que tudo rume para a nossa Utopia, mas ignoramos o vetor íntimo. Esquecemos ou negligenciamos muitas vezes, o vetor da reforma interior que também gira a bola e a empurra para cima. Sábios já falaram sobre isso. “Ame ao próximo como a ti mesmo”; “Seja a mudança que quer ver no mundo”. Já ouvimos isso antes... Não é novidade. “Somos animais políticos”, ou seja, necessariamente influenciamos nossa realidade. Aristóteles aqui também fala de ética... Enfim, para transformar a existência, nunca devemos esquecer do movimento duplo, das identidades individuais e coletivas. O diálogo é, querendo ou não, constante entre a parte e o todo. Devemos apenas direcionar os vetores em uma mesma perspectiva para compor uma força que empurre a bola pra cima. Que vença a inércia. Que leve ao horizonte sempre distante.

Em cada microcosmos reside uma semente de um novo mundo. Também dentro de cada um de nós há um microcosmo.

Entrevista: Renato Morgado, presidente do COMDEMA Piracicaba

Renato Morgado é gestor ambiental do Imaflora e presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba (COMDEMA)

1) Como foi sua trajetória no COMDEMA até chegar a presidência?

Conheci o COMDEMA em 2005 através da disciplina de Gestão Ambiental Urbana do Professor Demóstenes. Em uma das aulas ele levou todos os estudantes da turma para assistir uma reunião do Conselho. Logo me interessei e passei a acompanhar mais de perto suas atividades. No inicio de 2007 o CAGeA solicitou uma cadeira para participar como membro no conselho o que foi aceito. Fizemos uma eleição entre os estudantes e fui escolhido para representar o Centro Acadêmico no Conselho no período de julho de 2007 a junho de 2009. Participei de forma intensa das atividades do Conselho, tendo coordenado duas Câmaras Técnicas (Recursos Hídricos e Fundo Municipal de Defesa do Meio Ambiente). Esta participação despertou a simpatia dos conselheiros que começaram a incentivar minha candidatura. Em junho de 2009 passei a representar o Imaflora no COMDEMA e em julho houve a eleição na qual fui eleito para um mandato de dois anos. Também fazem parte da diretoria o Rafael (100-zure) como secretário e o Ricardo Schmidt (Eng. Florestal pela ESALQ) como vice-presidente.

2) O Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) visa realizar uma gestão ambiental descentralizada e integrada. Assim estrutura-se em redes, entre a esfera federal, estadual e municipal. Como o COMDEMA está inserido nessa rede e como se relaciona com as outras esferas?

O papel principal do COMDEMA é analisar e propor as diretrizes das políticas ambientais de Piracicaba. É um colegiado de participação e controle social das políticas ambientais do município e busca colocar na mesma mesa órgãos públicos, setores empresariais e da sociedade civil para, de forma compartilhada, discutir os rumos da gestão ambiental local. Apesar de sua atuação ser em âmbito local, discutimos e analisamos também as políticas ambientais estaduais e federais com incidência em Piracicaba.

3) Quais são as instituições que hoje participam do Conselho? Trata-se de uma formação paritária ou majoritária?

Atualmente é formado por representantes de 22 instituições da sociedade civil (ONGs, associações de bairro, associações profissionais, setor produtivo, etc.) e do poder público (Prefeitura Municipal, Polícia Ambiental e CETESB). Ele é majoritário, ou seja, um setor (no caso a sociedade civil) possui a maior parte das cadeiras.

4) Qualquer pessoa pode participar das reuniões? Caso alguma nova instituição queira entrar para o Conselho, qual procedimento deve ser realizado?

As reuniões são abertas, inclusive com direito a voz a todos os presentes. Nós incentivamos e há muito interesse que as pessoas participem, tragam suas visões e opiniões e contribuam na formulação e tomada de decisão do Conselho. Para os estudantes de Gestão Ambiental é uma ótima oportunidade de interagir com os desafios socioambientais de um município e com a dinâmica de formulação de políticas ambientais.

5) Como o COMDEMA atua diante das políticas ambientais do município de Piracicaba? Qual a dinâmica de atividades do Conselho?

No Conselho são discutidas e analisadas as diferentes questões ambientais do município como Gestão de Resíduos, Poluição Sonora, Gestão de Recursos Hídricos, Arborização Urbana, entre outras. A partir desta discussão e análise são emitidos pareceres que sugerem melhorias nas políticas públicas referentes a estes diferentes temas. Existe também a análise de Projetos de Leis e Estudos de Impacto Ambiental para os quais a dinâmica é a mesma discussão, análise e formulação de pareceres. Os pareceres são divulgados pela imprensa e enviados aos diferentes órgãos ambientais e Câmara dos Vereadores.

6) Quais são os temas das Câmaras Técnicas e como elas trabalham?

As Câmaras Técnicas (CTs) e Comissões Especiais (CEs) possuem a função de aprofundar a análise e a discussão dos diferentes temas em debate no COMDEMA e encaminhar a Plenária propostas de pareceres, moções e deliberações.

São compostas por conselheiros do COMDEMA, especialistas nos diferentes temas e demais interessados. Cada CT e CE possui um relator, responsável por coordenar as reuniões e demais atividades. Atualmente o COMDEMA é composto por 8 CTs e 1 CE nos seguintes temas: Planejamento, Resíduos, Recursos Hídricos, Educação Ambiental, Biodiversidade, Legislação, Uso e Ocupação do Solo, Fundo Municipal de Defesa do Meio Ambiente (FUMDEMA) e Prêmio Destaque Ambiental

A Câmara Técnica de Planejamento é composta pela Diretoria do COMDEMA e relatores das demais CTs e tem a função de articular as pautas e temas em debate no Conselho

7) Os pareceres emitidos pelo Conselho, possuem caráter técnico ou político?

Os pareceres são elaborados a partir de uma análise técnicas nas Câmaras e Comissões do Conselho. Mas a decisão da Plenária (conjunto de conselheiros) é política, já que o Conselho é concebido como um colegiado composto por diferentes setores da sociedade civil e poder público que possuem diferentes concepções de desenvolvimento e de como deve ser a gestão ambiental local.

8) Como é a relação entre o COMDEMA e a Prefeitura de Piracicaba?

A relação tem avançado, mas ainda existe um caminho longo para chegarmos próximo ao ideal. Uma importante conquista no período foi o apoio administrativo e físico recebido da prefeitura. Baseado, desde sua fundação, no trabalho voluntário de seus membros este apoio certamente possibilitará uma intensificação das atividades do conselho. Por outro lado o Conselho ainda não é parte orgânica do processo de formulação das políticas ambientais do município. É freqüente o envio de projetos de lei a Câmara, a contratação de estudos, a elaboração de planos e projetos sem a participação do COMDEMA. Temos buscado melhorar a interlocução com a Prefeitura, mas ainda existe certa resistência para uma participação mais intensa do Conselho nas discussões.

9) Quais foram as últimas atividades desenvolvidas pelo Conselho?

Neste ano emitimos pareceres sobre o seguintes temas: Plano Municipal de Saneamento Básico, Projeto de Lei de redução das multas de arborização urbana, Projeto de Lei que alterou a legislação sobre sossego público, Projeto de Lei sobre a política municipal de educação ambiental e EIA/RIMA de uma central de gerenciamento de resíduos industriais. Dentre outros temas que estamos discutindo está a estruturação do Fundo Municipal de Defesa do Meio Ambiente que poderá ser um importante instrumento para financiar a gestão ambiental do município.

10) Como o COMDEMA divulga para a comunidade piracicabana suas atividades?

Buscamos divulgar através da imprensa e de uma lista de e-mails de interessados que organizamos. Está em fase final a elaboração do site do Conselho que será um canal de comunicação central. Mas a divulgação é sem dúvida um dos principais desafios do COMDEMA. Existem muitas pessoas que desconhecem o papel e até mesmo a própria existência do Conselho.

11)Quais são as principais características e conhecimentos usadas por um gestor ambiental atuando em conselhos desse porte?

Essa é uma pergunta interessante. Acredito que são três as principais características e conhecimentos: Em primeiro lugar a capacidade de dialogar com diferentes setores sociais, econômicos e do poder público que possuem interesses e visões distintas. Em segundo a compreensão dos diferentes aspectos sociais, culturais, econômicos, etc, que determinam a existência dos problemas socioambientais de um município. E em terceiro lugar conhecimento sobre como funciona o processo de formulação e implementação de políticas ambientais e os diferentes instrumentos de gestão ambiental utilizados pelas mesmas.

O nosso curso apresenta uma visão abrangente das questões ambientais, já que possuímos disciplinas nas mais variadas áreas de conhecimento. Esse é um ponto muito forte, que em tese nos habilita a dialogar com diferentes setores e a compreender a questão ambiental a partir de seus diferentes aspectos. Mas o fato é que durante o curso pouco exercitamos a habilidade do diálogo com diferentes atores sociais e de diagnóstico e análise integrada da problemática ambiental. As disciplinas apresentam pouca conexão entre si e com a realidade. Outro ponto que precisa ser aprimorado é a nossa compreensão dos diferentes instrumentos de gestão como: Plano Diretor, Planos de Recursos Hídricos e de Resíduos, Fiscalização Ambiental, entre outros. O desafio é reestruturar o curso para que os estudantes, com tutoria dos professores, estejam de forma permanente em contato com essas diferentes dimensões. Pelo fato do curso estar sediado no município e do mesmo possuir diversos desafios urbanos e rurais, Piracicaba poderia ser um intenso laboratório de aprendizagem para os estudantes do curso preencherem estas lacunas.

Nuclear, não obrigado!

Por Renan Andrade

*Coordenador do Centro Acadêmico de Gestão Ambiental “Claudino Ortigara” do IFSULDEMINAS

Dizer não à energia nuclear, não é ser contra o “progresso” da civilização; não é ser contra a adesão de novas tecnologias que proporcionam mais comodidade e conforto, nem é ser contra todo processo evolutivo da espécie humana; dizer não a este tipo de energia é aceitar o princípio da precaução onde antes devemos prever o que pode acontecer, e tentar evitar qualquer tipo de genocídio da espécie humana por parte de poucas pessoas que apenas defendem seus interesses particulares.

A energia nuclear é uma energia cara, que gera muito mais poluentes quando comparadas as energias renováveis, pois uma vez descartado seus resíduos devem ser depositados de forma totalmente isolada por um período de 244 mil anos, o que coloca em risco a saúde da população, pois a exposição do ser humano a materiais radioativos pode gerar câncer, má formação fetal, aborto, falência do sistema nervoso central, síndrome gastrointestinal, entre outras doenças; além de poder contribuir para a confecção de armamentos bélicos que também coloca em risco toda a espécie humana, e quando dizem que esta é uma idéia absurda, deve-se pensar que absurdo é deixar de considerar todo o espírito “guerreiro” do ser humano que traz consigo por essência.

Como muito bem lembrado em um artigo de David Fig, a indústria nuclear é por sua natureza secreta e sem transparência. Em alguns países, foi criada uma polícia especializada para cuidar dos materiais radioativos contra o roubo pelos “terroristas”. Com este argumento, a indústria nuclear contribui para a diminuição dos direitos democráticos da sociedade, porque cria um “Estado de Segurança”, Um tipo de estado que muitos brasileiros morreram lutando contra, o regime militar!


II FÓRUM DE ENSINO EM GESTÃO AMBIENTAL*

Por Débora Tomaszewski

CAGeSA – Centro Acadêmico de Gestão Ambiental – EACH

debora.tzt@gmail.com

Em cada ENEGeA (Encontro Nacional de Estudantes de Gestão Ambiental) que participamos ou em cada conversa com estudantes de outras Universidades, nós gestores ambientais percebemos o quanto somos diferentes entre nós mesmos. Claro que temos algumas semelhanças, mas em cada lugar, apesar do curso ter o mesmo nome, as formação são bem diferentes.

Enquanto em algumas instituições o que prevalece é o viés urbano, em outras é mais o rural, em outras o tecnológico ou ciências da terra, ou ainda o social. Alguns colegas de profissão nossos tem conteúdos que sequer sabemos o que é, e outros passam por experiências práticas diferentes. É apontado por alguns que o grande diferencial do curso de Gestão Ambiental é esse, e que isso é necessário, pois cada curso deve se adaptar na realidade que está inserido.

No entanto é importante, para o fortalecimento do curso e da profissão, a discussão sobre Diretrizes Curriculares Mínimas, pois é crescente a necessidade da existência de uma coesão entre todos os cursos, que garantam atribuições mínimas ao profissional de Gestão Ambiental. Ninguém tá querendo dizer que deve-se engessar tudo e obrigar cada Instituição a cumprir o que fosse combinado, apenas que é importante discutir isso.

Há uma aflição com mercado de trabalho e muito se reclama e discute sobre a filiação a um Conselho Profissional, porém temos que lembrar que se almejamos ter um Conselho próprio, e não depender de CREA, CRQ ou CRA, a discussão começa nas Diretrizes Curriculares. Afinal, são elas que interferem no perfil do profissional e suas atribuições, fazendo a diferença nas atribuições que um Conselho te daria. Como dito por um amigo, o Conselho é um "teto" de onde seria possível chegar no esforço da consolidação da profissão.

Mas antes de iniciar de fato essa discussão, é fundamental fortalecer a unidade dos cursos de GA e construir socialmente a profissão, a partir de uma organização social em rede ou sob outra forma de articulação nacional representativa, criando um espaço público de debate dos temas. A EACH, junto com a CONEGeA (Coordenadoria Nacional dos Estudantes de Gestão Ambiental), topou dar esse próximo passo e realizar o II Fórum de Ensino em Gestão Ambiental*.

O I Fórum aconteceu na ESALQ em 2008, como estabelecido por deliberação no III ENEGeA. Agora, quase 3 anos depois, o evento volta para sua segunda edição com um objetivo maior, de integrar as IES (Instituições de Ensino Superior) e conhecer as pluralidade e diversidade de formação do Gestor Ambiental no país. Outros objetivos também esperam ser alcançado, como promover a troca de experiências entre os curso de Bacharelado e Tecnólogo; prosseguir com o debate e as definições iniciadas no I Fórum, de forma a aumentar a representatividade dos cursos e a continuação participativa e, por fim; estabelecer metodologias para a continuação dos trabalhos iniciados no evento.

Participam do Fórum 4 presentantes de qualquer Instituição de Ensino Superior do Brasil que ofereça o curso de Gestão Ambiental, sendo 2 representantes discentes e 2 representantes docentes. A escolha desses representantes é feita a critério de cada Instituição, podendo ser o Coordenador do Curso e o Representante Discente de algum colegiado, ou até mesmo eleições. O mais importante é que o participante do evento não leve suas opiniões pessoais, mas sim que discuta com sua base as pautas e opiniões principais a serem discutidas.

Assim, a discussão deve fortalecer, ordenar e organizar as graduações em GA, que consequentemente (e simultaneamente talvez) fomentarão a continuidade da busca por uma identidade e perfil da profissão. Temos que pensar: o que nos dá identidade? Qual nossa visão de mundo? Quais são nossos comprometimentos? Assim, o II Fórum se fortalece como elemento que busca garantir um espaço representativo para a troca de experiências de maneira democrática e participativa. O evento não acaba por si mesmo, é um meio.

O evento está previsto para acontecer em 2011, e haverá suporte e estrutura para alojamento/hospedagem e alimentação. Em breve maiores informações

* o nome do evento ainda está em discussão

OS DESAFIOS DA QUESTÃO AMBIENTAL NA POLÍTICA AGRÍCOLA BRASILEIRA

Por Equipe O Marreco

Foi realizado no dia 11 de novembro o “Fórum sobre os desafios da questão ambiental na política agrícola brasileira”, promovido pelo Grupo de Adequação Ambiental (GADE) JUNTAMENTE COM A Prefeitura do Campus “Luiz de Queiroz” (PCLQ). A programação do evento contou com palestrante de diversos setores, entre eles, cafeeiro, canavieiro e terceiro setor. A senadora Marina Silva também era esperada pelas pessoas inscritas no evento.

“ Acreditamos que a principal contribuição do evento são os esclarecimentos sobre como conciliar agricultura, economia e meio ambiente. Mostrar como cada setor tem se comportado em relação a adequação ambiental e esperamos fomentar na mesa redonda a discussão sobre a substituição do atual Código Floresta brasileiro” diz Juliana Lopes Gonçalves de Azevedo, coordenadora do GADE.

Por motivos de saúde Marina Silva não pode comparecer, mas enviou uma carta, na qual, parabenizou a realização do Fórum no sentido de promoção da discussão sobre o assunto. Escreveu uma breve mensagem aos participantes do evento salientando que considera um equivoco a discussão sobre a reforma do Código Florestal, principalmente a partir de uma visão errônea de que proteger as florestas e a biodiversidade prejudica a agricultura e os agricultores brasileiros. “Costumo dizer que o Brasil só é uma potência agrícola porque é antes uma potência ambiental” diz a senadora na carta.

Portanto, Marina acredita que devemos mudar o foco da discussão. “É concenso entre todos nós de que a agricultura é um setor extremamente importante para nosso desenvolvimento e um importante setor para a promoção da inclusão social, especialmente pela reforma agrária.”

Ainda segundo a carta, temos que enfrentar o desafio de agregar sustentabilidade ambiental e social ao setor agrícola brasileiro. É necessário aumentar a produção a partir de ganhos de produtividade e ao mesmo tempo ampliar a recuperação e conservação dos biomas brasileiros.

Marina Silva, encerra a carta propondo que as discussões sobre essa temática contribuam para a construção de uma agenda estratégica para o setor agrícola brasileiro e para o desenvolvimento sustentável do país.

PALESTRAS

O evento contou com 10 palestras, ministradas por professores da ESALQ/USP, representantes do setor empresarial no setor cafeeiro, canavieiro, frigoríficos, madeireiro, cooperativista, representante do movimento dos pequenos agricultores e o diretor da SOS Mata Atlântica.

Ao final do dia, o professor Paulo Kageyama mediou uma mesa-redonda entre os palestrantes.

Veja a seguir os depoimentos de quem esteve no evento.

“Gostei muito da palestra do Frei Sérgio pela visão diferenciada que ele proporcionou demonstrando a visão do pequeno agricultor bem formada quanto a politica e as questões sociais.”

Marcel Thales

“Gostei mais das palestras do Frei Sergio e do Mario Mantovani porque eles foram mais realistas no sentido de enxergar um problema e trabalhar uma movimentação articulada em prol as questões socioambientais.”

Gabriela Mendonça

“Gostei muito da palestra do professor Ricardo Rodrigues pois ele trouxe muitos dados científicos para embasar sua fala, diferentemente dos palestrantes de setores empresariais. O Mario Mantovani trouxe um viés político, mostrando como as cosias funcionam na prática. Me surpreendeu a maturidade da discussão. Não é uma questão de extremos e de embate. O evento trouxe diferentes visões que dialogaram com argumento e respeito entre si.”

Mariane Crespolini

“Gostei da fala do Mario Mantovani, porque ele conta esse lado da política que não temos acesso em Brasília. É meio assustador o modo com que as coisas acontecem, sem profissionalismo, sem ética.”

Sabrina Bakker – Secretaria estadual de agricultura.

Jornal O Marreco perguntou:

Hoje, a principal fonte de informações para o cidadão são os meios de comunicação em massa. E existe ainda uma tímida participação social na construção e fiscalização de políticas públicas. Dessa forma, como você vê a responsabilidade dessa mídia de massa e a importância das mídias locais num processo de incentivo a participação social nas políticas ambientais?

Mario Mantovani: “Mídia é algo importante. Na mídia local temos trabalhado muito não só nos boletins informativos , mas também um trabalho muito legal nas redes sociais. Nós fizemos um abaixo assinado nas vésperas das eleições usando a avaz. Em uma semana tivemos quase 400.000 assinaturas a nossa favor e iremos retornar com a Vaz. Mesmo a entidade como a SOS Mata Atlântica utiliza o facebook. Perdemos a capacidade de mobilização social nas ruas mas as mídias sociais tem feito um papel muito legal. Não tem mais jeito de nenhum gerente empresarial não falar pelas mídias sociais. Se ele não falar, outros vão falar por ele. É um fenômeno novo que temos que explorar e por sorte as redes sociais estão com nós, isso pode representar muito nessa guerra do código florestal.”

Frei Sergio: “Nós não temos informação de qualidade na mídia. Temos muita deformação de informação. O que a mídia ensinou, a gente aprende. O que a mídia não ensinou, não aprendemos com facilidade.Precisamos que informação de qualidade da universidade, radio , jornal chegue de fato a população. Não sei muito bem como fazer isso, mas que precisamos fazer, precisamos”.

CÓDIGO FLORESTAL

Perguntado sobre a possibilidade de aprovação do novo Código Florestal ainda esse ano, Mario Mantovani disse: “ Quanto menos nos mobilizarmos mais força ele (Aldo Rebelo) terá. A intenção do Aldo era muito boa, fazer a discussão. A forma como ocorreu foi muito ruim. Estivemos com a alguns lideres, presidente da câmara dos deputados e segundo eles, bola dividida não da nesse final de ano. Estaremos na COP 16 e o Brasil tem que ter um posicionamento. O Brasil é signatário de todos os acordos internacionais, então não podem nesse momento realizar essa votação. “

Alguns palestrantes durante as palestras se posicionaram em relação a essa discussão. Diego Marsao, representando a COSAN e Daniel Furquim, representando a FRIGOL, se posicionaram a favor do Código substitutivo. Já Marcio Freitas, presidente da OCB (organização cooperativa do Brasil) se posicionou a favor de uma lei com rigor ambiental, visando a sustentabilidade, mas que seja passível de ser cumprida também por pequenos e médios agricultores. Frei Sérgio, do movimento dos pequenos agricultores, e Mário Mantovani (Diretor da SOS Mata Atlântica) são contra a substituição do Código. “Isso pode virar um desastre para o país, um desastre anunciado” disse Mantovani.

VIII SIGA

Por: Ariane C. G. Ramalho (Baralho)

Ronnie C. Peguim (Kuruπra)

Comissão Organizadora do VIII SIGA

Email para contato: sigaesalq@yahoo.com

Siga-nos no Twitter: @siga_esalq

Desde o mês de Setembro desse ano, alunos de Gestão Ambiental da ESALQ/USP que fizeram parte da Comissão Organizadora do VII SIGA (Seminário para Interação em Gestão Ambiental), iniciaram suas reuniões necessárias para o processo de planejamento do VIII SIGA, previsto para acontecer nos dias 15, 16 e 17 de Abril do próximo ano.

A organização dessa próxima edição do evento vem como um grande desafio, já que o VII SIGA, que teve como tema “Legislação: Um Instrumento para a Gestão Ambiental” e contou com cerca de 300 participantes de diversas instituições de ensino da região centro-sul do país, foi um grande sucesso e muito bem avaliado pelos participantes.

Depois de algumas reuniões iniciais de avaliação da sétima edição e de definição de expectativas para a oitava, elencamos sugestões de possíveis temas que permeariam a programação do VIII SIGA e, a partir disso, chegamos a duas principais temáticas candidatas que foram “Informações Ambientais” e “Economia Ambiental”.

Abrimos um processo democrático de votação virtual através do blog do jornal “O Marreco” e, durante um período de 25 dias, recebemos um total de 80 votos, que decidiram que o tema para o VIII SIGA será “Economia Ambiental”.


Sobre o tema

Nos dias atuais, grande parte dos problemas ambientais que enfrentamos em nossa sociedade estão diretamente relacionados a questões econômicas e suas soluções passam necessariamente pelo entendimento de como nosso atual modelo econômico pode estar associado a um modelo de desenvolvimento sustentável.

Com a abordagem deste tema, o SIGA terá como objetivo apresentar de forma sistêmica essas inter-relações econômico-ambientais através da discussões de tópicos como: O Pagamento por serviços ambientais, o mercado de carbono, os tratados ambientais globais, a abordagem da economia ecológica versus economia ambiental, perspectivas para o Brasil na área de economia ambiental, entre outros.

Tudo isso será abordado no formato já consolidado do SIGA, que é composto por palestras, mesas redondas e mini-cursos.

Atualmente, a comissão organizadora que é composta por seis alunos, se encontra numa fase de finalização do projeto do evento e inicia a construção da programação do VIII SIGA.

É importante salientar que estamos super abertos para receber novos membros para a organização e dicas de outros campi que já tenham participado ou venham a participar desse evento tão importante para a formação da identidade dos gestores ambientais.

Nossas reuniões acontecem todas as quartas-feiras às 10h30 no Espaço de Convivência do Departamento de Administração, Economia e Sociologia (LES) da ESALQ/USP.

A luta é de muitas mãos!


Pesquisa analisa situação profissional e acadêmica dos egressos de Gestão Ambiental da ESALQ

Texto: Alicia Nascimento Aguiar

Fonte: www.esalq.usp.br

O agravamento da crise socioambiental intensificada a partir da década de 1990, gerou uma demanda crescente por políticas mais consistentes e efetivas, por ações de responsabilidade do setor privado e por geração de conhecimentos. Neste contexto, a formação de profissionais aptos a refletirem e atuarem dentro da complexidade ambiental tornou-se condição fundamental para a superação dos desafios contemporâneos.

Nos últimos anos, surgiram nas diversas instituições de ensino superior do Brasil cursos específicos como Gestão Ambiental, Engenharia Ambiental, Ciências da Natureza, Ciências Ambientais e Química Ambiental. Na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ), Gestão Ambiental é o curso de bacharelado mais antigo do país. Sua primeira turma ingressou em 2002, terminando o curso em 2005. Até dezembro de 2009, 5 turmas se formaram, totalizando 140 egressos.

Assim, para caracterizar diferentes aspectos da situação profissional e acadêmica dos egressos do curso de Gestão Ambiental da ESALQ, foi elaborada pesquisa que aponta a diversidade de temas e instituições nas quais os gestores ambientais atuam. Além disso, realizou-se um levantamento das dificuldades e facilidades relacionadas à inserção no mercado de trabalho, situação profissional atual, faixa salarial, grau de satisfação, realização de pós-graduação ou de outra graduação, opinião sobre lacunas e pontos fortes do curso, entre outras questões.

Embora já existam 191 cursos de graduação no Brasil, são incipientes as pesquisas que buscam analisar e discutir os diferentes aspectos da formação e da atuação profissional, segundo os pesquisadores, Renato Pellegrini Morgado, gestor ambiental formado na ESALQ em 2007, mestrando do programa de pós-graduaçãpo em Ciência Ambiental da USP (PROCAM/USP), e graduandas esalqueanas em Gestão Ambiental, Ariane Carvalho Gonçalves Ramalho e Caroline Garcia Geroto.

Os dados da pesquisa foram coletados entre abril e maio de 2010, a partir da aplicação, por meio eletrônico, de um questionário composto por perguntas abertas e fechadas. Dos 140 egressos, 111 (79,3%), responderam ao questionário, os quais apresentam a seguinte distribuição etária: 16,2% entre 21 e 23 anos, 56,8% entre 24 e 26 anos, 22,5% entre 27 e 29 anos e 4,5% com mais de 29 anos. A maior parte dos egressos é do sexo feminino (55,5%).

Formação acadêmica
Durante a graduação, os egressos demonstraram uma realização significativa de atividades extra-curriculares. 97,3% realizaram algum tipo de estágio na própria universidade e em menor escala nos setores público, privado e terceiro setor, 51,4% realizaram iniciação científica e 47,7% participaram do movimento estudantil. Em relação à pós-graduação, 47,7% cursaram ou estavam cursando pós-graduação (strictu sensu ou latu sensu), com predomínio de cursos de mestrado (strictu sensu), 50,8%.

A maior parte (75,0%) dos cursos de pós-graduação strictu sensu realizada ou em curso concentra-se na USP, o que demonstra a tendência dos egressos de permanecerem na mesma instituição. Em relação aos programas, houve concentração em Ecologia Aplicada (33,3%), Recursos Florestais (11,1%), Ciência Ambiental (11,1%) e Ciências (11,1%). Por outro lado, os cursos de pós-graduação latu sensu feitos ou em realização pelos egressos pertencem a diferentes instituições públicas e privadas. A Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) e Fundação Getúlio Vargas (FGV) aparecem com 12% cada, seguidas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), com 8% cada.

A pesquisa indicou que 9,9% dos egressos iniciaram outra graduação alegando como razões uma melhor inserção no mercado de trabalho e a busca por uma formação complementar para solidificar sua carreira. Os cursos procurados foram Segurança do Trabalho, Hidráulica e Saneamento Ambiental, Administração de Empresas, Ciências Biológicas e Direito.

Atuação profissional e inserção no mercado de trabalho
De acordo com 60,0% dos entrevistados, o principal problema de inserção no mercado foi o desconhecimento do curso de Gestão Ambiental por parte dos contratantes. Na mesma direção, 54,4% ressaltaram que há dificuldades em relação à inscrição em concursos públicos e 40% em participação de seleções para programas de trainee, por se tratar de uma profissão nova e em processo de legitimação. Mesmo assim, 61,3% dos egressos atuam na área de Gestão Ambiental. Destes, 55,9% no setor privado, 29,4% no setor público e 14,7% no terceiro setor, envolvendo 35 diferentes temas em seu exercício profissional, com destaque para educação ambiental (49%), planejamento ambiental (46%), gestão de resíduos (46%), políticas públicas (41%) e certificação e auditoria (38%). São Paulo foi o município com maior inserção dos egressos (30,9%), seguido por Piracicaba (20,6%) e Campinas (5,9%). A remuneração mensal concentrou-se na faixa de R$2.041,00 a R$3.060,00 (44%), seguida pela faixa de R$1.021,00 a R$2.040,00 (22%).

Duas questões independentes avaliaram as dificuldades e facilidades de inserção no mercado de trabalho. Dessa forma, um mesmo participante pode afirmar concomitantemente ter encontrado ambas as situações. Assim, 59,5% dos egressos afirmaram que a principal facilidade apontada para inserção no mercado foi o reconhecimento do nome da Universidade (74,2%), seguida pela postura e perfil profissional adequados (54,5%), ser estudioso (51,5%) e a formação no curso de graduação (50,0%).

Dos 31 temas que os egressos trabalham, os mais citados no setor público foram políticas públicas (75%), educação ambiental (50%), planejamento ambiental (45%), gestão de recursos hídricos (40%) e gestão de resíduos (35%). No setor privado foram certificação e auditoria (58%), sistemas de gestão ambiental (55%), gestão de resíduos (53%), licenciamento ambiental (47%) e responsabilidade socioambiental empresarial (47%). Finalmente, no terceiro setor, foram citados planejamento ambiental (80%), política públicas (70%), recuperação de áreas degradadas e sustentabilidade florestal empatados com 50%. Da mesma forma, com 40%, aparecem educação ambiental, mudanças climáticas, gestão de áreas protegidas, tecnologias sustentáveis e certificação e auditoria.

Finalizando, os pesquisadores afirmam que os profissionais de Gestão Ambiental terão um importante papel na necessária construção de alternativas que apontem para a sustentabilidade de nossa sociedade. Para desenvolver sua potencialidade é necessário que os diferentes aspectos da formação e da atuação profissional sejam analisados e discutidos.

Gestão Ambiental (5 estrelas)
Na 18ª edição do Guia do Estudante (GE), que apontou 509 centros de alta qualificação, o curso de Gestão Ambiental obteve classificação 5 estrelas (excelente). Esse selo de qualidade recebido pela ESALQ, já consta da publicação GE Profissões Vestibular 2011.

O objetivo principal desse curso é a formação do administrador do ambiente, um profissional com embasamento na área de administração, somado a um conhecimento básico em diversos campos das Ciências Humanas e do Ambiente. Dessa forma, a sua formação é humanística e sistêmica, sendo um profissional apto a tomar decisões em um mundo diversificado e interdependente, recebendo informações básicas sobre flora, fauna, conservação da natureza, sensoriamento remoto, ecologia, estando apto para gerir atividades de manejo dos ambientes.

Ao término do curso, o formado será um profissional preparado para elaborar e gerenciar projetos ambientais, principalmente, com relação ao desenvolvimento de estudos e relatórios de impactos ambientais, atuando na administração, no planejamento, na gestão e no desenvolvimento de organizações, em projetos e atividades específicas da gestão ambiental.

Para Odaléia Telles Marcondes Machado Queiroz, docente do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES) e atual coordenadora do curso, essa indicação é resultado de um trabalho permanente. "A presença no Guia reforça que estamos no caminho certo, uma vez que promovemos uma análise constante da matriz curricular e da satisfação dos alunos. Além disso, no primeiro semestre promovemos o I Fórum dos Egressos em Gestão Ambiental da ESALQ e constatamos que os profissionais formados na Escola tem significativa continuidade na vida acadêmica, seja no Brasil ou no exterior e registram também uma considerável rapidez de inserção no mercado de trabalho, sendo que muitos deles demonstram perfil empreendedor a partir da criação de micro empresas e organizações não governamentais (ONGs)", relata a coordenadora.


Rio Corumbataí

Por Rachel Trovarelli

O Rio Corumbataí tem seu nome originado do tupi que significa “o rio dos corumbatás”. Está localizado na porção centro-leste do Estado de São Paulo, possuindo 130km de extensão³. Nasce no município de Analândia e desemboca no Rio Piracicaba, na cidade de Piracicaba.

A bacia do Rio Corumbataí abastece aproximadamente 502.000 pessoas, divididas nos municípios de Analândia, Charqueada, Cordeirópolis, Corumbataí, Ipeúna, Itirapina, Piracicaba, Rio Claro e Santa Gertrudes. ¹

A ocupação inicial da região se deu através do cultivo do café e se acelerou com os avanços na tecnologia ferroviária. A partir da década de 30, a cultura cafeeira passou a ser substituída pelo cultivo da cana de açúcar, que ocupa em torno de 25% do entorno da bacia. O uso de agrotóxicos e fertilizantes no cultivo da cana, juntamente com o manejo inadequado do solo e a remoção ou redução das matas ciliares tem gerado impactos ao ecossistema.

A partir da implantação da cafeicultura e instalação da estrada de ferro, a vegetação natural da Bacia do Rio Corumbataí foi restringida a pequenos fragmentos de mata em propriedades rurais particulares e à mata de galeria. Os principais fatores que levaram ao esgotamento da vegetação foram a implantação da cana de açúcar e a instalação de olarias e cerâmicas.

A mata ciliar ao longo do rio apresenta diversas características. No alto curso, há ainda, uma mata primitiva com a preservação de árvores de grande porte. Na nascente e no médio curso do rio, é predominantemente encontrada árvores de grande porte, mas acompanhada de uma vegetação arbustiva, ou seja, de médio porte e em trechos descontínuos. Porém, ao longo de toda a bacia, é vista uma mata ciliar degradada pela ação humana, predominantemente de arbustos e gramíneas. Essa vegetação é encontrada onde hoje se instalam olarias e áreas agrícolas¹.

Na bacia do Corumbataí, ainda são encontrados, diversos fragmentos de Cerrado. No entanto, a paisagem tem se tornado cada vez mais homogeneizada com as monoculturas de eucalipto e canaviais¹.

A água superficial do Rio Corumbataí é, em seu maior volume, adequada para o abastecimento doméstico após o tratamento convencional, à proteção das comunidades aquáticas, à recreação de contato primário e a irrigação. A maior preocupação em relação aos poluentes, é a descarga de esgoto doméstico liberado no rio na altura do município de Rio Claro. O uso da água é destinado ao consumo urbano, 54%, uso agrícola, 26% e uso industrial, 20% ¹.

Segundo um estudo realizado no Laboratório de Métodos Quantitativos da ESALQ/USP² em Piracicaba, existe na bacia do Rio Corumbataí 147 espécies de aves, 23 espécies de mamíferos de médio e grande porte e 45 espécies de peixes ². As espécies encontradas na região apresentam grande ocorrência pelo Brasil, ou seja, são espécies facilmente encontradas, sem especificidade.

Entre as aves, as espécies mais ocorrentes são o pombão, o tico-tico, o gavião-carijó e o bem-te-vi. Entre as espécies mais especialistas foram encontradas o bico-de-pimenta e o soldadinho.

Em relação aos mamíferos, o cachorro do mato foi o mais encontrado. Trata-se de uma espécie onívora, generalista e oportunista. O lobo-guará também foi visto, assim como o mão-pelada. Ambas espécies generalistas também. Encontraram vestígios de onça parda e jaguatirica, mas com baixas ocorrências. O baixo número de mamíferos pode ser explicado pelo método utilizado na pesquisa, através de visualizações, já que são raros os encontros com mamíferos a olho nu em campo.

As espécies de peixes encontradas seguem a mesma característica: trata-se de animais bastante comuns na Cabeceira da Bacia do Alto Paraná, onde está inserido o Rio Corumbataí. Essas espécies apresentam uma alta taxa de resiliência, ou seja, grande capacidade de se recuperar em ambientes perturbados.

Willy Werner Grassmann Bóbbo é gestor ambiental e especialista em Biogeografia. Ele realizou um estudo4 na Bacia do Rio Corumbataí e encontrou 81 espécies de peixes no rio, entre elas a mais comum é o lambari.

A biodiversidade no Rio Corumbataí, no ecossistema como um todo, é muito importante para preservar o equilíbrio ecológico local. As relações entre os organismos vivos são essenciais para esse equilíbrio, resultando na boa qualidade da água. A partir do momento em que há fatores influenciando o sistema natural, há todo um desequilíbrio ecológico.

O Rio Corumbataí abastece grandes cidades que o cercam, como Piracicaba. Quando o ecossistema não está em equilíbrio a qualidade da água é afetada. Assim, a preservação ambiental da área da bacia influi diretamente na qualidade de vida das pessoas ao redor.

O grande desafio é conciliar aspectos ambientais, sociais e econômicos e aparentemente a única saída é fazer o uso sustentado dessa grande riqueza: a biodiversidade.

Referências Bibliográficas

¹ Atlas Ambiental da Bacia do Corumbataí –UNESP http://ceapla.rc.unesp.br/atlas/

²ALEXANDRINO E. R., MARTIN P. S., BREJÃO G., FERRAZ K. M. P. M. B., COUTO H. T. Z. Aves, Mamíferos e peixes da bacia do Rio Corumbataí, Estado de São Paulo: Um diagnóstico em ambiente fragmentado. Laboratório de Métodos Quantitativos LCF/ESALQ/USP, Piracicaba - SP. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu – MG

³NASSIF, Arlet Maria Almeida. Recuperação da Cobertura Florestal na bacia do rio Corumbataí. Série Técnica IPEF. V.12, Nº 32, p. 121-126, dez. 1.998.

4Bacia do Rio Corumbataí: aspectos socioeconômicos e ambientais / Sãmia Maria Tauk-Tornisielo. José Carlos Esquiero (organizadores). Consórcio PCJ, 178 p. 2008. Capítulo 9 - A Influência das Barreiras Ecológicas sobre a Ictiofauna. NEVES, Luis Gustavo Neto / BÓBBO, Willy Werner Grassmann, p. 101.