quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A retórica do politicamente sustentável


Por Alberto Kirilauskas Próxima atualização domingo, 27 de fevereiro.
Abaixo segue um artigo do Agnès Sinaii publicado no Le Monde Diplomatique que auxilia na construção da resposta da pergunta: há uma mudança nos padrões de desenvolvimento ou é uma apropriação do discurso ambiental?

Durante o encontro mundial de Nagoya (Japão), as grandes empresas do Conselho Mundial para o Desenvolvimento Sustentável tentaram englobar a natureza em conceitos econômicos para justificar suas ações, muitas vezes contrárias ao meio ambiente

Espalhados pelo grande anfiteatro do Museu Nacional de História Natural, em Paris, em 19 de outubro de 2010, sob placas que exibem nomes de grandes especialistas gravados em letras douradas, acotovelam-se representantes da Lafarge, Electricité de France (EDF), Areva, Total, Véolia, além de outros membros do Conselho Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (World Business for Sustainable Development), por ocasião do encontro “Business and Biodiversity”. Celebra-se então o “ano da biodiversidade” dentro de uma liturgia na qual os logotipos das grandes empresas, em vez de ícones, enaltecem seu engajamento a favor do sucesso da Conferência dos Partidos da Convenção sobre a Diversidade Biológica (COP 10), que aconteceu simultaneamente em Nagoya (Japão), de 18 a 29 de outubro, com a presença de representantes de 193 países.

Como fica, afinal, a relação entre empresas e biodiversidade? A Areva não está comprometida com a proteção da biodiversidade ao preservar uma espécie endêmica, o líquen Teloschistes capensis, graças ao desvio da canalização que liga sua usina de dessalinização da água do mar de Swakopmund à sua mina de urânio de Trekkopje, na Namíbia? E o que acontece com a Basf, uma gigante da química, que após ter comercializado o Fipronil, inseticida suspeito de ser causador do desaparecimento em massa de abelhas, se orgulha por ter plantado na França 2.500 hectares de terreno de forragem pontilhados por flores variadas?

O “Grenelle do Meio Ambiente”, série de encontros políticos realizados na França, forneceu às empresas a retórica e as ferramentas de um “crescimento verde”. Entre suas ferramentas, destacam-se a “compensação ambiental” e a tentativa, discutida em Nagoya, de conferir um valor monetário aos ecossistemas, a fim de mensurar os custos da degradação e a eventual reparação dos danos aos mesmos.

Por exemplo, uma rodovia é decretada compatível com o desenvolvimento de ecossistemas se for construída sobre um viaduto, em vez de um pântano? Da mesma forma, vemos o crime cometido pelo industrial “engajado”, como a Sofiprotéol, que promete tanto biocombustíveis como “serviços” visuais paisagísticos: uma abordagem “toma lá, dá cá”. Preocupado com o “interesse geral”, a Caisse de Dépôts (instituição financeira que administra fundos) criou o primeiro órgão financeiro francês para a biodiversidade: o CDC Biodiversité, em 2008. Graças a seu “patrimônio natural”, oferecido aos proprietários desde que estes se obriguem a compensar os seus impactos, o CDC Biodiversité se associou, por exemplo, ao projeto de restauração da planície de Crau (na região francesa do Bouches-du-Rhône), adquirindo 157 hectares de antigos pomares, que serão replantados com vegetação original.

Os bancos têm percebido claramente todos os benefícios que podem tirar dos fundos “éticos”, ou “ISR” (Investimentos Socialmente Responsáveis). E sempre fazendo propaganda de suas ações, claro. O grupo Paribas, por exemplo, não hesitou em recorrer a alguns militantes zelosos, disfarçados de ativistas, munidos de barbas falsas e perucas cor-de-rosa, para participar de uma manifestação com bicicletas a favor da proteção do clima, em outubro de 2010, pela Fondation Good Planet, de Yann Arthus-Bertrand, da qual o Paribas é um dos principais mecenas. Onipresente nos produtos “ISR”, o primeiro grupo bancário francês, terceiro na capitalização de ações na bolsa da CAC 40 – avaliado em cerca de 60 bilhões de euros em 2009 – participa de projetos envolvendo fortes impactos humanos ao meio ambiente (como o de extração de petróleo e gás de Sakaline II, na Rússia; o projeto da central nuclear de Belene, na Bulgária; e a expansão da barragem de Theun-Hinboun, no Laos), além de deter, emitir ações ou debêntures1de empresas controversas (como os produtores de bombas de fragmentação, personagens da indústria nuclear e que lidam com as areias betuminosas do Canadá).

Apresentada em Nagoya, a versão final do relatório sobre a economia dos ecossistemas e da biodiversidade (The Economics of Ecosystems and Biodiversity, TEEB), supervisionada pelo banqueiro Pavan Sukhdev, tenta englobar a natureza em um conceito de “valor econômico total” – que combina valores de uso direto e indireto, como o consumo de plantas para fins alimentícios, a produção industrial dentro do domínio farmacêutico ou a purificação natural das águas –, com um valor não utilizável, como a conservação para gerações futuras ou o valor espiritual ou ritual de uma floresta.

Prêmio Nobel de Economia de 2009, a cientista política americana Elinor Ostrom demonstrou, por meio de abordagens antropológicas, que nem o Estado nem o mercado têm sido capazes de resolver os problemas ligados à exploração dos recursos naturais, também chamados de bens comuns. Na sua obra Governing the commons2, ela toma como base a observação da diversidade das soluções empíricas e demonstra que a regulamentação da exploração dos bens comuns não é necessariamente uma tragédia da apropriação, como explicou o ecologista americano Garrett Hardigans, em famoso artigo publicado em 19683.

Das múltiplas pesquisas realizadas por Ostrom, dos sistemas de irrigação nas Filipinas aos pesqueiros do Sri Lanka e aos aquíferos californianos, ficou claro que as estratégias locais de auto-organização, cooperação e intercâmbio de informação permitem a exploração colaborativa de recursos comuns sem esgotá-los. As dificuldades surgem quando as regulamentações locais se defrontam com as apropriações externas, por exemplo, os exploradores aquíferos que desrespeitam o estado daquele recurso natural, ou quando os pesqueiros industriais destroem a pesca artesanal.

A identificação das figuras desse jogo é extremamente importante, da mesma forma que devemos evitar a monetarização dos ecossistemas e a ocultação de alguns pontos pela ética.

Agnès Sinaï é jornalista e coordenador do Atlas do meio ambiente de Le Monde Diplomatique.

Dezembro 2010

1 Título de crédito emitido por sociedade anônima, ger. ao portador; obrigação ao portador, obrigação.
2 Governing the commons. The evolution of institutions for collective action, Cambridge University Press, 1990. Publicado em francês pelas Editions de Boeck, Bruxelas, 2010.
3 Garrett Hardin, “The Tragedy of the Commons”, Science, vol. 162, nº 3.859, 13 de dezembro de 1968, págs. 1243-1248.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Comunicação Ambiental, Políticas Públicas, Sociedade...

Por Rachel Trovarelli

Qual o papel do jornalismo nos dias de hoje? E da comunicação ambiental?

Cecília Meireles e Vilmar Berna discutem, cada um a sua forma, a situação do jornalismo no Brasil, meio ambiente, sociedade e políticas públicas.



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Jornal, longe

Que faremos destes jornais, com telegramas, notícias,
anúncios, fotografias, opiniões...?

Caem as folhas secas sobre os longos relatos de guerra:
e o sol empalidece suas letras infinitas.

Que faremos destes jornais, longe do mundo e dos homens?
Este recado de loucura perde o sentido entre a terra e o céu.

De dia, lemos na flor que nasce e na abelha que voa;
de noite, nas grandes estrelas, e no aroma do campo serenado.

Aqui, toda a vizinhança proclama convicta:
"Os jornais servem para fazer embrulhos".

E é uma das raras vezes em que todos estão de acordo.

Cecília Meirelles




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A RIO+20, o IV CBJA e a democratização da informação ambiental

Por Vilmar Berna*, do Portal do Meio Ambiente

Durante a ECO 92, os países se comprometeram a encontrar alternativas para a democratização da informação ambiental sempre que existissem obstáculos como os que existem para a mídia ambiental no Brasil, e até assinaram o capitulo 40.18 da Agenda 21, com este compromisso. Entretanto, vinte anos depois, a promessa ainda esta no papel.

Em 2012, o Brasil sediará a RIO+20, de novo na Cidade do Rio de Janeiro, um novo encontro global para avaliar o que avançou das promessas feitas a 20 anos. Pode ser um momento oportuno para a união de forcas dos que estão conscientes sobre a importância estratégica da democratização da informação ambiental para que a sociedade possa fazer escolhas melhores no rumo da sustentabilidade.

Os jornalistas ambientais já saíram na frente e anteciparam seu congresso para outubro desde ano, entre os dias 12 e 15, na Cidade do Rio de Janeiro. O IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental estará sendo realizado em paralelo a outros três eventos, o encontro da RedCalc – Rede Latino-Americana de Periodismo Ambiental, o Iº Encontro Nacional da REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental e o Iº Encontro da ECOMIDIAS - Associação Brasileira de Mídias Ambientais, uma tentativa ao mesmo tempo de economizar esforços e recursos, e também uma estratégia para facilitar a aglutinação de forcas entre movimentos e organizações com objetivos comuns.

A organização do IV CBJA estará, ainda, identificando e convidando parceiros estratégicos como a FBOMS - Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas, a ABI – Associação Brasileira de Imprensa, entre outros cuja missão inclua o compromisso com a democratização e a formação e fortalecimento da cidadania, para reforçar esta luta.

Detalhe: os eventos serão carbono negativo, ou seja, a OSCIP PRIMA estará plantando mais árvores que o necessário para a neutralização das emissões de carbono, além de adotar práticas ecoeficientes, pois os congressistas querem ser o exemplo que esperam ver na sociedade.

Entre os desafios a enfrentar, está o de formar uma Coalizão de organizações pela democratização da informação, com representação permanente em Brasília, capaz de ir além das promessas e reclamações, e pressionar de forma efetiva e constante por políticas publicas e financiamento público para a informação ambiental, por que existe uma diferença entre a informação que o público quer - e se dispõe a pagar por ela - e a informação que ele precisa. O mercado consegue ser uma solução no primeiro caso, pois para ele a comunicação é vista como um negócio qualquer, precisa dar lucros, ou não terá razão para existir. Para o segundo caso, o país requer políticas públicas inclusive para o financiamento da informação ambiental que o público precisa. No verão, por exemplo, o público dá audiência aos assuntos das catástrofes provocadas pelas chuvas, mas com o passar dos dias, o interesse vai diminuindo junto com as chuvas, até virar desinteresse e então o assunto some da mídia, como se o problema tivesse sido resolvido, para retornar com as catástrofes do verão seguinte. O mesmo acontece diante de algum acidente ambiental. Enquanto o problema permanecer visível ao interesse público estará na pauta da mídia de massa, mas assim que deixar de ser visível, desaparecerá também da mídia. Quem já acompanhou graves acidentes de vazamentos de petróleo ou de produtos químicos em rios e oceanos sabe bem disso. A informação ambiental precisa ir além apenas da dor. O quanto pior, melhor, é pior para todo mundo, ainda que assegure o interesse do público, e, portanto, da mídia em geral, por alguns breves momentos.

Uma rápida olhada nos títulos das revistas expostas nas bancas mostra a falta de oferta de informação ambiental, para este público, que freqüenta as bancas, em torno de 20% da população. Enquanto existem diversos títulos diferentes sobre a vida dos ricos e famosos, ou de mulheres nuas, ou sobre moda e beleza, automóveis, culinária, arquitetura, não existe nenhuma mídia específica sobre meio ambiente, educação e cidadania ambiental, consumo responsável, sustentabilidade, excetuando-se um ou outro título com viés mais para turismo ou paisagismo. O que não significa que a mídia ambiental não exista. Existe, só não consegue chegar ao Grande Publico, permanecendo como uma mídia marginal, mal conseguindo atender direito a uns poucos segmentos de interesse especializado.

O Governo Federal já dispõe de mecanismos para o repasse de dinheiro público para a iniciativa privada, através das verbas de publicidade, mas não existe uma política pública que priorize a informação que o público precisa, mas não se dispõe a pagar por ela. A maior parte desses recursos é destinada à mídia de massa – inclusive para os veículos de comunicação ligados à base aliada do Governo -, e acaba ajudando a financiar `realyts shows´e outras informações que o público quer. A mídia ambiental costuma ser contemplada com algumas poucas migalhas dessas verbas, mas o suficiente para não deixá-la morrer de inanição, e não o bastante para que chegue a incomodar nem ao próprio governo nem às empresas com suas críticas ao modelo predatório de desenvolvimento.

A mídia ambiental é uma mídia de resistência, e incomoda aos poderosos ao criticar o modelo predatório e injusto que avança sobre os limites e a capacidade de suporte da natureza. E incomoda até quando aponta soluções e caminhos que poderiam ajudar a nos tirar do rumo de um colapso ambiental cada vez mais visível, pois deixa claro que as escolhas pelas tecnologias sujas e predatórias não resultam do acaso ou da falta de opção. E incomoda e desagrada também ao próprio público em geral, ao criticar seus hábitos e atitudes consumistas e ambientalmente irresponsáveis. Então, não é de se estranhar que as pessoas não queiram a informação ambiental, embora precisem dela.

*Vilmar Sidnei Demamam Berna é escritor e jornalista, fundou a REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente) e o Portal do Meio Ambiente ( http://www.portaldomeioambiente.org.br/). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas – http://www.escritorvilmarberna.com.br/


(Envolverde/O autor)

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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Comprovado: Dinheiro não traz Felicidade.

Por Rachel Trovarelli

Após o desenvolvimento do conceito de ciência da felicidade, diversos países entre eles Brasil, França e Canadá têm considerado esse fator no cálculo das estatísticas sobre a sociedade. Agora é a vez do Reino Unido.

Essa mudança de padrão, foi impulsionada pelo Butão, um pequeno país budista nos Himalaias. Aos poucos, foram ganhando destaque internacional quando os outros países do mundo perceberam o quão feliz é a população deste reino.

Assim, percebeu-se que ter o PIB (Produto Interno Bruto) como carro chefe norteador das políticas públicas da nação é um erro. Deve-se também considerar o bem-estar, a felicidade da população.

Essa mundança de valores é essencial para alcançarmos o que chamamos de desenvolvimento sustentável. Entede-se desenvolvimento - neste caso - como uma mudança de valores, em que as pessoas despertem o respeito, amor e a solidariedade e deixem de lado a ganancia e o egoísmo.

Segue artigo publicado em 15 de novembro de 2010 na Associated Press.
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FIQUE FELIZ! O GOVERNO DO REINO UNIDO QUER MEDIR BEM-ESTAR


Por GREGORY KATZ, da Associated Press

LONDRES – Sentindo-se bem? Frustrado? Fantástico? O governo britânico realmente quer saber.

Autoridades britânicas disseram na 2a feira que começarão a medir a felicidade nacional além de avaliar mais informações tradicionais como níveis de renda e o medo de crime violento.

O novo plano está alinhado com a proposta de campanha do Primeiro Ministro David Cameron, que prometeu, durante a eleição geral no início deste ano, medir os níveis subjetivos de bem-estar enquanto o governo estiver colhendo dados sobre os seus cidadãos.

Planos detalhados ainda não foram divulgados, mas se espera que novas perguntas sejam formuladas pela responsável pela estatística nacional Jil Matheson no final deste mês, para que sejam incluídas num levantamento a ser feito durante a próxima primavera. Ela disse na 2a feira que essa mudança de política é bem-vinda.


“Existe um crescente reconhecimento internacional de que para se medir o bem-estar e o progresso há a necessidade de se desenvolver uma visão mais compreensiva, em vez de ficar se concentrando somente no Produto Interno Bruto” disse ela.


A decisão de se olhar para além de simples medidas monetárias é parte de um movimento da “ciência da felicidade”, que se enraizou em diversos outros países, incluindo França e Canadá, na medida em que autoridades e acadêmicos estudam o fracasso da elevação dos padrões de vida nas recentes décadas quanto a gerar uma elevação similar no contentamento pessoal.


O presidente da França Nicolas Sarkozy chegou a uma conclusão semelhante, há dois anos atrás, quando pediu que dois economistas ganhadores de prêmios Nobel elaborassem meios para medir fatores de qualidade de vida, além dos meros fatores econômicos, quando a França estivesse estudando suas opções de políticas públicas.

O Canadá também desenvolveu um índice nacional de bem-estar, um conceito que teve como pioneiro um reinado no Himalaia, o Butão.


O levantamento faz aos cidadãos canadenses perguntas subjetivas tais como “O quanto você desfruta da sua vida”? e “Você se sente confortável com o seu nível atual de dívidas”?

Mas além disso o levantamento também pergunta sobre os valores mais fundamentais, padrões de vida e identificação com minorias ou outros grupos étnicos. Provavelmente o levantamento britânico deverá utilizar uma abordagem similar.

Richard Layard, um professor emérito da Escola de Economia de Londres, que tem contribuído para os estudos governamentais britânicos no tocante a qual seria a melhor maneira e se medir a felicidade, elogia essa tendência.

“Eu acho que é maravilhoso”, disse ele. “É algo que eu e outros temos advogado por algum tempo. Baseia-se na idéia de que a menos que você meça as coisas certas, você não fará as coisas certas”.

Ele também disse que o foco dos atuais levantamentos governamentais apenas no avanço econômico levaram as pessoas a ficarem obcecadas com as suas rendas em detrimento de outros fatores que podem levar a vidas felizes e produtivas.

Os dados no Reino Unido, EUA e outros países mostram que os níveis de felicidade têm permanecido mais ou menos estáticos mesmo quando a renda disponível e a segurança econômica aumentaram substancialmente em termos reais durante a grande expansão do pós guerra nas economias ocidentais.


Esse fenômeno, freqüentemente chamado de “Paradoxo de Easterlin”, em homenagem ao economista americano Richard Easterlin, é citado no relatório para o mês de setembro do Escritório Britânico para Estatística Nacional, declarando que “os níveis de satisfação com a vida e felicidade na Inglaterra não têm subido desde os anos 1950, a despeito do crescimento econômico sem precedentes”.


Isso sugere que mais do que uma expansão econômica, tradicionalmente medida por níveis de renda e produções internas brutas, seja necessária para que as pessoas sintam contentamento em suas vidas.

O professor da Universidade de Londres Richard Schoch, autor do livro The Secrets of Happiness (“Os Segredos da Felicidade” numa tradução livre) disse que o governo britânico se entrosa bem com o slogan “Grande Sociedade” utilizado pelo Primeiro Ministro Cameron.

“Isso se encaixa perfeitamente com a agenda da Grande Sociedade porque a maioria das organizações cívicas foca em temas ligados à qualidade de vida” disse ele. “Esse levantamento então se torna a ferramenta para coletar dados relevantes para as iniciativas da Grande Sociedade”, disse ele. The Associated Press


Próxima postagem, domingo, 13 de fevereiro.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O indivíduo e a coletividade

Por Alberto Kirilauskas

Observa-se atualmente que há um enfoque no indivíduo para a resolução dos problemas. Os motivos dessa alteração sobre as responsabilidades dos problemas públicos se devem, ao menos em parte, às esquizofrenias do espaço e do tempo. Todavia, tanto a esquizofrenia do espaço quanto a do tempo não foi oriunda somente da elaboração das técnicas, mas sim do uso político que se fez delas. Pois toda a técnica possui o seu uso político.

O projeto político vigente trouxe a construção de uma grande "responsabilização" do indivíduo para solucionar os problemas públicos. Observa-se uma retirada dos problemas públicos da agenda pública, e nela inseriu-se os problemas privados de agentes públicos. Sobre isso discorre Zygmunt Bauman: “os problemas privados não se tornam questões públicas pelo fato de serem ventilados em público; mesmo sob o olhar público não deixam de ser privados, e o que parece resultar de sua transferência para a cena pública é a expulsão de todos os outros problemas “não privados” da agenda pública. O que cada vez mais é percebido como “questões públicas” são os problemas privados de figuras públicas.”

Esse distanciamento enfatiza a responsabilidade do indivíduo. Como temos uma grande opção de escolha (ilusória, pois não está em questão a opção de escolher ou não), cabe a nós tomarmos a decisão correta e se as questões não estão sendo solucionada é incompetência nossa. Como exemplificado por Bauman: “não se compra apenas comida, sapatos, automóveis ou itens de mobiliário. A busca ávida e sem fim por novos exemplos aperfeiçoados e por receitas de vida é também uma variedade do comprar, e uma variedade de máxima importância, seguramente, à luz das lições gêmeas de que nossa felicidade depende apenas de nossa competência pessoal mas que somos (como diz Michael Parenti) pessoalmente incompetentes, ou não tão competentes como deveríamos, e poderíamos, ser se nos esforçássemos mais.”

A perda de senso de coletividade faz com que os problemas vividos por outros sejam colocados como sendo responsabilidades exclusivas deles. Se eu sou responsável pelo meu bem estar o outro também deve ser, assim, se a situação de alguém estiver degradada foi porque ele não se esforçou o suficiente. Essa "responsabilização" do indivíduo favorece a perda de solidariedade e visão holística.

Próxima atualização dia 9 de fevereiro, quarta-feira.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

As chuvas e as cidades

Segue abaixo a primeira parte de três do programa Em Questão da TV Gazeta que debateu sobre as chuvas que estão ocorrendo desde o final do ano de 2010. Com os convidados José Goldemberg Físico/USP; Ermínia Maricato Urbanista/USP; e Luiz Carlos Molion Físico/UFAL, o programa trouxe importantes elementos a serem considerados nas análises que fazemos no que tange questões climáticas e de urbanização.



Próxima atualização dia 06 de fevereiro, domingo.