quarta-feira, 27 de abril de 2011

A água pertence a quem?

Por Alberto Kirilauskas

A água é um dos bens mais valiosos que o ser humano pode ter, pode não ser reconhecida como tal, mas sua essencialidade comprova o seu valor. Mais do que a privatização desse bem, entendo ser importante uma ética do cuidado com a vida, onde a água será utilizada como um instrumento para unir as comunidades.
Segue uma animação que retrata o ocorrido em Cochabamba na Bolívia em 2000, onde houve uma tentativa de privatização da água.


domingo, 24 de abril de 2011

VIII Seminário para Interação em Gestão Ambiental - ESALQ/USP

Por Rachel Trovarelli

O SIGA (Seminário para Interação em Gestão Ambiental) é um evento nacional e está em sua oitava edição. Seu objetivo principal é colaborar na sensibilização da sociedade para uma visão holística do ambiente e da Gestão Ambiental, buscando cidadania, qualidade de vida e conservação da natureza.

Desta maneira o VIII SIGA, que tem como tema desse ano a Economia do Meio Ambiente, propõe criar mais um espaço de reflexão e debate para a construção de uma sociedade sustentável, trazendo a experiência de pesquisadores e profissionais da área bem como a comunidade que se envolve com esta temática.

Nesse ano o evento tem por resultado esperado sediar um fórum de debate sobre os temas ligados à Gestão Ambiental e a Economia do Meio Ambiente, tema geral do projeto, oportunizando momentos para discussão e contato entre estudantes, profissionais, educadores e demais pessoas interessadas em Gestão Ambiental, como vem sendo realizado nas últimas sete edições do evento.

Por fim, gostaríamos de informar que todos estão convidados a virem participar do evento conosco, nos dias 7 e 8 de maio de 2011. As informações necessárias se encontram no cartaz abaixo e no site do evento (www.esiga.org.br). As inscrições serão feitas pelo site, tendo o valor de R$ 30,00 para estudantes e R$ 40,00 para profissionais.

Atenciosamente,
Comissão Organizadora do VIII SIGA.
 
 

domingo, 17 de abril de 2011

Calando os americanos

Por Rachel Trovarelli

Há  muito tempo é discutido no Brasil e no mundo sobre a internacionalização da Floresta Amazônica. Acredito ser ingenuidade pensar que a Amazonia ainda não está internacionalizada. Primeiramente devemos considerar que a floresta está no território do Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Considerando apenas a extensão geográfica já temos uma floresta internacionalizada, isso sem entrar em outros méritos como influência estrangeira nesses países, biopirataria e posse de terras na área da floresta.

Há algumas semanas recebi o seguinte email:

_______________________________________________________________________________
SHOW DO MINISTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS

Essa merece ser lida, afinal não é todo dia que um brasileiro dá um esculacho educadíssimo nos americanos!
Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos,o ex-governador do DF, ex-ministro da educação e atual senador CRISTÓVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.

O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro.

Esta foi a resposta do Sr.Cristóvam Buarque:
"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
"Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
"Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço."
"Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país.


Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

"Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França.


Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês,decidiu enterrar com ele, um quadro de
um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
"Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.


"Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.


"Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.


Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.


"Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.


Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!


DIZEM QUE ESTA MATÉRIA NÃO FOI PUBLICADA, POR RAZÕES ÓBVIAS. _________________________________________________________________________________
Sendo verdadeira ou não essa fala de Buarque, o texto é digno de ser divulgado.
E dispensa outros comentários.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Uma leitura do texto O que é cidade da Raquel Rolnik.

Por Alberto Kirilauskas

A cidade pode ser definida como um local físico modelado pelo ser humano onde se aglomeram pessoas e as suas diversas formas de manifestações culturais, espirituais, filosóficas, econômicas etc. Segundo a autora a cidade pode ser tratada como um imã. Isso ocorre devido ao fato dela ser um centro, onde as partes periféricas tendem a ir ao torno dela, ou seja, o perímetro rural aproxima-se do urbano até ser engolido pela cidade e se tornar um único corpo. Esse aspecto de expansão da cidade até o campo não necessariamente é físico, mas pode ser de outras formas, por exemplo, as relações econômicas de definição de preços pela cidade e a produção pelo campo.
            Segundo a autora a centralização de poder nas cidades tem se tornado descentralizada espacialmente e centralizada no que tange o poder. Devido ao fato da técnica da informática pôde-se criar centros de poder que, independentemente do local que um cidadão esteja, ele está subordinado a uma estrutura de poder. Isso ocorre quando se compra um produto, se faz um empréstimo etc. Assim, hoje e me parece uma tendência que o poder se tornará cada vez mais centralizado com o cruzamento dos dados obtidos através de diferentes bancos de dados.
            Com a atração das pessoas pelas cidades, começou-se a se ter uma alta densidade demográfica, com isso aumentou-se as possibilidade de trocas entre eles. Desse momento se tornou mais clara a divisão entre campo e cidade, e dentro da cidade teve-se um outra divisão, a divisão do trabalho. Onde os pertencentes as cidades começaram a se especializar, com isso se consumou a necessidade de trocas para se obter produtos que não se produzia, assim, o mercado começou a ganhar bases e dimensões dependendo do perímetro de influência da cidade.
            No início do processo de urbanização as atividades produtivas estavam intimamente ligadas aos locais dormitórios. Assim, a separação espacial, em termos de cidade, não existia, pois os aprendizes moravam junto com seus mestres, ou seja, “estruturas hierárquicas” distintas ocupando o mesmo lugar, vale ressaltar que havia uma segregação elevada, todavia ela não era espacial, mas sim de vestimentas, hábitos etc. A partir da mercantilização da sociedade, crescimento populacional e ao aparecimento do Estado moderno, se criou uma segregação espacial, destinando a força produtiva para as periferias e concentrando a nobreza nas regiões centrais.
            O poder urbano na cidade capitalista se dá através do Estado. O Estado por sua concepção deve intervir na sociedade a fim de que se gerencie a cidade da melhor maneira possível, visando à qualidade de todos os seus cidadãos. Entretanto o que se observa no atual modelo de sociedade adotado, é que existe uma divisão nas atividades do Estado, onde ele prioriza determinados setores da sociedade. Utiliza-se técnicas e seu aparato a fim de beneficiar um grupo que está mais ativamente, através de lobbies, direcionando as políticas públicas.
            Com um excedente populacional oriundos de diversas regiões do entorno nas cidades, regiões interioranas. Crio-se uma massa de pessoas que estão dispostas a trabalhar nos centros urbanos. Devido as contradições existentes nas cidades, onde há um beneficiamento de poucos em detrimento de uma massa, existe uma condição de degradação das pessoas que formam essa massa disposta a trabalhar, assim, a industria com sua necessidade de força de trabalho se apropria de uma parte dessa massa e a utiliza para produzir, mesmo com os direitos trabalhistas adquiridos, de uma forma a obter o maior beneficio financeiro.
            Dentro da nova noção de espaço é fundamental pensarmos se o raio da mesma racionalidade que usurpou os bens naturais em prol de um modelo insustentável irá se expandir conjuntamente com as áreas relativamente urbanizadas.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A fotografia e o meio que nos cerca


Foto de Sebastião Salgado

Por Alberto Kirilauskas

                A fotografia, essa escrita com luz, nos permite expressar através de um recorte da paisagem no tempo aquilo que para nós representa um todo. O tempo é pausado num trecho maior ou menor. O espaço é recortado. Aparecerá a rua de dia; o sorriso sob a luz de vela; o prédio iluminado pelas luzes da cidade; o movimento do tráfego; os caixões cobertos com a bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra iluminados pela luz quente do poste com um ciclista não identificado segurando no caminhão parecendo seguir de perto o caminhão que no dia carregara corpos. Corpos estes que no ponto anterior da linha do tempo expressara alguns de seus sentimentos.
                A foto do Sebastião Salgado traz diversos elementos que ele desejou inserir, ou apareceram sem terem sido pensados, na imagem para que ela passasse, ao menos em parte, aquele sentimento e idéias que ele estava sentindo e/ou pensando no momento. É esse emaranhado de sentimentos e pensamentos que toca tantas outras pessoas que faz da fotografia uma arte que encanta muitos.
                Uma vez que a fotografia tem essa capacidade de sensibilização, ela pode ser um dos instrumentos da educação. E assim como as atividades educacionais, a fotografia é um ato político. Assim, fotografar não é apenas registrar um momento, demonstrando a beleza ou o horror da situação, mas sim é inserir num registro fotográfico sua posição política. E para posicionarmos é necessário entendermos, estarmos próximos, vivenciarmos o que estamos registrando. É isso que faz fotógrafos como Sebastião Salgado, João Ripper, João Zinclar entre outros, eles se posicionam politicamente através da arte. Demonstram nos seus relatos o que acreditam, fazem da arte fotográfica um instrumento de expressão e buscam através dele transformações sociais.
                Então utilizemos, se assim desejarmos, essa arte para difundir nossas utopias, demonstrando o mundo como ele é e como ele poderá ser.

O pássaro é livre na prisão do ar.
O espírito é livre na prisão do corpo.
Carlos Drummond de Andrade

domingo, 3 de abril de 2011

Como a escola deveria ser?

Por Rachel Trovarelli

Refletir sobre a educação formal nos dias hoje é uma tarefa árdua e abrangente. É necessário compreender o contexto regional e nacional no qual estamos inseridos.

Na educação tradicional no Brasil parece-me que o produto final é o menos importante. A baixa remuneração e motivação dos professores e - muitas vezes - a falta de estrutura física, pedagógica e administrativa são problemas constantes.

A formação do indivíduo jamais pode ser baseada apenas no conteúdo técnico-científico. Acredito que as principais instituições educadoras são a família e a escola, que devem fomentar o desenvolvimento ético e curricular do jovem.

A escola poderia possuir um caráter neohumanista, focada na formação do indivíduo. Um local aconchegante e espaçoso. Atividades interdisciplinares seriam realizadas de forma abrangente, por exemplo, uma horta. As crianças escolheriam as hortaliças, plantariam e acompanhariam o desenvolvimento das plantas com os cuidados necessários. Neste processo cabe ao professor de cada disciplina contextualizar o conteúdo. O "aprender fazendo" de Paulo Freire é fundamental sempre que possível. Após o colhimento dos vegetais por que não incluí-los na merenda? Assim, as crianças aprenderiam todo o processo.

Este espaço educador poderia desenvolver também habilidades. Aulas de marcenaria, pintura, costura, instrumentos musicais, danças, jogos, entre outros, contribuem significativamente para a formação das pessoas envolvidas. Intrínseco nestes processos estão valores como: compartilhar, trabalho coletivo e afins, bem como desenvolvimento de coordenação motora, criatividade, e etc.

A escola deve ser um local preocupado com o desenvolvimento pessoal, curricular e formativo do estudante, utilizando metodologias que fomentem esses crescimentos, levando em conta o bem-estar. Atuar em processos interdisciplinares e transversais, com didáticas criativas e contextualizadas, podem ser os primeiros passos.