segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Ressuscitando O Marreco

E aqui estamos nós com folêgo e disposição, mais uma vez o Jornal O Marreco está no ar e agora é pra ficar! 

O Marreco se perdeu pelo caminho durante algum tempo mas esse mês o jornal conta com uma nova equipe marrequina disposta a desenvolver a expressão da Gestão Ambiental juntamente com os estudantes e comunidade.
Nossa equipe criou o Projeto Piloto: Ressuscitando o Marreco, com o objetivo de ressuscitar esse veículo de comunicação voltado à temática ambiental, buscando a reflexão e integração dos leitores para proporcionar uma sociedade equilibrada socioambientalmente.
Contamos com a participação de todos! Envie materiais e sugestões ou críticas para omarreco@yahoo.com
Acompanhe nossa nova edição: Edição 8 - Novembro - Dezembro - Janeiro 2012/2013

Projeto Ressuscitando O Marreco
Imagem retirada de Recanto das Aves.


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Para ONU, economia verde ditará Rio+20

Por Marina Peres Barbosa

Mais uma oportunidade de reflexão, de elaboração do pensamento crítico a respeito do evento e dos possíveis rumos que o mesmo pode tomar, A RIO+20 Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento sustentável acontecerá em Junho entre os dias 15 a 23 de junho.


Alto funcionário diz que entidade busca acordo que mobilize recursos para transição de modelo; custo anual, até 2050, seria de US$ 1,3 tri

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, marcada para junho, terá êxito se conseguir fechar um acordo que mobilize recursos para financiar uma transição nos próximos anos do atual modelo econômico para a chamada economia verde.

O alerta é de um alto funcionário da ONU, que não quis se identificar, ao Estado. Segundo ele, está claro que a maior parte desses recursos não virá de governos, e sim do setor privado. Cálculos do Pnuma, o programa da ONU para o meio ambiente, indicam que o custo poderia ser de pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano, até 2050.

O investimento de 2% do PIB mundial durante quatro décadas, segundo a ONU, financiará a maior revolução na estrutura da sociedade promovida pelo homem em séculos. Nenhuma área será poupada: essa transição exigirá reformas na produção industrial, agricultura, transporte, educação, no combate à pobreza e no estilo de vida dos países mais ricos.

Se o custo é alto, a ONU estima que a Rio+20 pode significar também a abertura de novas oportunidades de negócios. Nos bastidores da entidade, multinacionais, grupos privados e fundos já procuraram o secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, para alertar que estariam prontos para anunciar investimentos importantes durante o evento no Rio de Janeiro.

Mas, para isso, alertam que precisarão obter dos governos um compromisso de como ocorrerá essa transição, quais as metas e o nível de responsabilidade de cada grupo de países.

No gabinete de Ban, a constatação é de que, duas décadas após a Conferência do Rio em 1992, o novo encontro mostrará que "o centro de gravidade" para realizar a transição para uma economia verde passou dos governos para o setor privado. "Há muito dinheiro esperando a definição de regras para ser investido na economia verde", admitiu um alto funcionário da ONU.

Diante das incertezas na economia mundial e da queda no consumo em países ricos, a estimativa é de que multinacionais estariam sentadas sobre cerca de US$ 6 trilhões a US$ 8 trilhões. Na avaliação da cúpula da diplomacia da ONU, não há dúvidas de que parte desse dinheiro migrará para oportunidades de negócios na economia verde, uma vez estabelecido o arcabouço do acordo.

"O sucesso do Rio será medido na quantidade de recursos que o setor privado conseguirá mobilizar nos próximos dois anos e como vai determinar a estrutura da economia mundial por décadas", indicou o alto funcionário da ONU.

Acordo. Diante desse cenário, a prioridade da ONU nas próximas semanas será o de convencer governos a deixar detalhes do acordo final para os dias do encontro e tentar fechar o mais rapidamente possível as grandes linhas do compromisso final. Em Genebra e Nova York, ninguém duvida de que a negociação chegou em seu momento mais crítico.

Mas o apelo de Ban a todas as missões é de que coloquem suas diferenças de lado para que haja, o quanto antes, um acordo de princípios. A esperança é de que isso crie um clima de confiança no setor privado de que a conferência terminará com pelo menos algum êxito para, portanto, anunciar seus investimentos. "Chegou o momento crítico da negociação", alertou um negociador da ONU ao Estado.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, porém, está otimista. Em conversa com um grupo de jornalistas em Genebra, há poucos dias, ele assegurou que a Rio+20 será um sucesso. "Não é exagero dizer que será a conferência mais importante da história da ONU", assegurou.

Fonte: Jamil Chade, correspondente/ Genebra - O Estado de S.Paulo.
Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,para-onu-economia-verde-ditara-rio20-,867710,0.htm


terça-feira, 1 de maio de 2012

Sobre 1° de Maio


           Chegamos a mais um Dia Internacional do Trabalho com inúmeras questões pendentes. Na Europa, trabalhadores se manifestam pela manutenção de direitos trabalhistas arduamente conquistados e que agora se encontram ameaçados por uma crise econômica; na Ásia, a luta é por condições mais humanas de trabalho.
            No Brasil, inúmeros são os casos de trabalhos em condições próximas à escravidão, muitos deles bem mais próximos dos grandes centros urbanos do que se poderia imaginar.

           Abaixo, segue vídeo com documentário sobre o tema, e link do Ministério do Trabalho sobre o projeto de erradicação do trabalho escravo.




 http://carep.mte.gov.br/trab_escravo/default.asp

         
         O trabalho escravo e as condições precárias de trabalho continuarão existindo tanto em grandes fazendas quanto nas indústrias enquanto for mantida a situação atual de impunidade, falta de fiscalização por parte dos governos, e despreocupação por parte de consumidores sobre as condições sob as quais os bens de consumo foram produzidos.

Por Isabela Romo.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Eco-92 ... rumo à Rio +20

Por Marina Peres Barbosa

Antecipando a Rio+20, conferência da ONU para o desenvolvimento sustentável, que vai acontecer em Julho, a Folha-Uol relembrou hoje um discurso histórico pronunciado na Eco-92 por uma garota canadense então com 12 anos de idade. Vale assistir e perguntar: o que mudou nestes 20 anos?




Fonte: Folha Uol.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O homem que vive sem dinheiro

Por: Rodolfo Vescovi


        "Mark Boyle é um irlandês de 32 anos que decidiu romper com a sociedade atual e o que considera seu principal símbolo: o dinheiro. Formado em administração de empresas, há 4 anos ele tomou uma atitude radical e passou a viver sem um tostão no bolso. Ele mora no campo, come o que planta, toma banho em um rio, cozinha em uma fogueira e abdicou das mordomias da vida moderna. E tem mais: ele quer que você também siga seu estilo de vida.

Boyle tomou essa decisão depois de ver como estamos levando o planeta para o buraco. Segundo o ativista, nossa economia estaria destruindo a natureza e arruinando a vida de nossos semelhantes. E a culpa de tudo estaria no dinheiro, que cria uma distância entre o homem e os produtos que ele consome. “Não vemos o efeito de nossas compras no ambiente. Não sabemos por quais processos os produtos passaram, quais os danos que eles causaram. Não sabemos mais como o que consumimos é produzido”, disse à GALILEU.

Apesar de evitar a civilização moderna, Boyle não é nenhum ermitão. De um computador carregado a energia solar, ele mantém um blog atualizado para propagar as suas idéias e juntar possíveis adeptos. Em 2010, ele lançou o livro The Moneyless Man (que vai ser lançado em julho no Brasil pela editora Best Seller, com o título de O homem sem grana). Até o final do ano, ele deve lançar mais um livro no Reino Unido.

Há 6 meses, Boyle retrocedeu um pouco em suas convicções e voltou a lidar com o vil metal. Mas ele diz que tem um objetivo nobre: vai construir uma comunidade que siga seu estilo de vida, onde todos terão acesso aos alimentos, e o dinheiro não terá valor algum. Durante uma visita à casa dos pais, para onde foi de carona, Mark Boyle conversou por telefone com a revista GALILEU. Foi um lance de sorte, já que ele se livrou de seu celular no ano passado. Veja a entrevista:
Editora Globo
Boyle se alimenta de frutas que ele mesmo colhe.
Quanto tempo você viveu sem dinheiro?

Foram dois anos e meio, quase três. Eu vivi num pedaço de terra, onde cultivava minha própria comida. Eu uso um pouco de energia solar para o meu laptop, que é o único modo de me comunicar com o resto do mundo - eu tenho que conseguir mostrar às pessoas que é possível viver sem dinheiro. Tomo banhos em um rio aqui perto. Uso materiais da natureza no meu dia-a-dia: escovo meus dentes com ossos de animais misturados com sementes.

Mas como é sua rotina? Como foi seu dia hoje, por exemplo?

Foi bem normal na verdade, sempre me fazem essa pergunta. Eu coletei frutas, tomei banho no rio... Tem alguns dias que passo inteiro plantando, outros colhendo. Em alguns outros eu recolho lenha. Daí volto a plantar. Meu dia-a-dia é basicamente ir atrás das coisas essenciais sem gastar dinheiro. E isso exige habilidades muito básicas. Além dessas coisas, também fico cuidando da comunicação, falando com a mídia. Sabe, minha história fez sucesso nos jornais daqui e acabei dando muitas entrevistas. Escrevo bastante, acabei de terminar de escrever um segundo livro que será lançado no final do ano. Mas, ao mesmo tempo em que cuido dessas coisas, tenho que sobreviver.

O que fez você seguir esse estilo de vida?

Eu estava em uma época de questionamentos, pensando sobre todos os problemas do mundo: destruição das florestas, trabalho forçado, extinção dos recursos da natureza. Estava pensando nos problemas ecológicos e sociais, em quais deles eu poderia trabalhar, e percebi que todos têm um denominador em comum. Eles são causados pelos vários graus de separação entre o consumidor e o que ele consome. A gente não sabe por quais processos os produtos passam, quais os danos que eles causam. Não sabemos mais como o que consumimos é produzido. Aí eu percebi que o dinheiro era um fato muito importante dentro disso, ele nos separa do que consumimos.

Minha primeira ideia foi falar sobre as conseqüências do uso do dinheiro, porque todos sabemos de seus benefícios, mas ninguém fala de suas conseqüências. Mas depois de 6 meses discorrendo sobre isso, vi que eu deveria dar o exemplo. Acredito muito na frase de Gandhi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”. Se eu vou falar disso, o mínimo que eu deveria fazer é viver isso. Acho que dinheiro nos causa danos de várias formas. Combinado com outros fatores econômicos, como a divisão do trabalho e economia de larga escala, está destruindo a natureza, porque não vemos os efeitos de nossas compras no ambiente.

Você é formado em administração de empresas. Isso tem alguma coisa a ver com o rumo que tomou?

Claro. Compreender como tudo funciona foi muito crucial. Quanto mais você entende de economia e dos processos envolvidos, mais você percebe que é insustentável. Durante 4 anos estudando economia, eu nunca ouvi falar do mundo real. Ninguém fala de pessoas, solo, oceanos, florestas. Só aprendemos teorias e equações, sem nos importar com o mundo real e com o fato de o estarmos destruindo. Isso me deu uma ideia das falhas básicas do nosso modelo econômico. O que estou tentando fazer é criar uma nova história, explorar um novo modelo que não seja tão dependente do dinheiro, baseado na comunidade e na relação com a terra.
Editora Globo
Mark Boyle toma uma chícara de chá.
O que sua família pensou dessa mudança?

Eles me deram muito apoio. De inicio, eles não falaram muito sobre isso, porque foi uma mudança muito súbita. Mas hoje eles me dão apoio total, vêem que o mundo fica cada vez pior. Quanto mais conversamos, mais eles percebem que nos próximos cem anos as coisas vão ficar muito difíceis, inclusive para seus futuros netos.

Nos últimos meses você voltou a lidar com dinheiro. Por quê?

Estamos começando um projeto de comunidade onde possamos viver 100% da terra. Onde possamos viver de um modo que não haja trocas. Vamos plantar comida e dar cursos para quem não souber plantar. Os cursos serão livres. As pessoas que forem para os cursos também irão produzir as comidas nessa terra. Queremos mostrar um outro modo de viver junto, de produzir as comidas de que precisamos. A intenção não é só reduzir nosso impacto no planeta, mas queremos fazer uma economia baseada no “dar”. Não acreditamos no “dar” condicional, que é o “trocar”, o “eu te dou isso se você me der aquilo”. Esse é um jeito muito cruel de viver. Não precisamos sempre receber algo em troca.

Você acha seu movimento vai ganhar mais adeptos? 
Em 2008, quando a crise estourou, o movimento cresceu muito. E agora cresce bastante em países como Grécia e Portugal. É interessante ver que, quando a economia normal se deteriora, as pessoas começam a procurar por outros modos de viver. Estamos crescendo bem rápido. Quando tudo começa a dar errado, as pessoas procuram por um modo de se salvar. É por isso que estou tão ocupado hoje em dia, as pessoas querem saber sobre isso. Muitos querem saber como viver sem dinheiro, já que não têm dinheiro.

E você acha que dá pra todo mundo viver assim?

Acho que precisamos de uma transição. Precisamos mostrar as conseqüências ecológicas e sociais de nossa economia atual. Acredito que as pessoas vão entender que largar o dinheiro é o único jeito sustentável de viver. Acho que viveremos uma transição para sermos menos dependentes do dinheiro, para restabelecermos nossa conexão com a comunidade e com a terra sob nossos pés."
A unica reflexão que esse cara me trouxe foi, 
"Só depois da ultima gota de aguá utilizada e da ultima árvore cortada o homem vai perceber que dinheiro não se come."

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Pirataria na Somália - uma nova perspectiva sobre as atividades ilegais na costa africana


                 A Somália vem sendo tema frequente na mídia em geral devido aos conflitos políticos que assolam o país e, mais recentemente, pela atuação dos chamados “piratas somalis” na região. Essa atividade tem causado grandes prejuízos à atividade pesqueira na costa somali, o que resultou na intervenção estrangeira no país, com o aval da ONU.
                Os piratas atuam através de sequestros de navios internacionais em águas somalis, e, de acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores do Quênia, a atividade teria rendido aos piratas US$ 150 milhões em 2008, período desde o qual a pirataria aumentou na região. Estima-se que a pirataria na Somália tenha custado algo entre US$ 60 e US$ 70 milhões aos países com atividades marítimas na região.
                Entretanto, pouco se fala da atividade dos navios internacionais no espaço marítimo somali. Navios pesqueiros europeus praticam pesca de arrasto nessa região, um tipo de pesca extremamente danosa ao meio ambiente, uma vez que é feita com o uso de redes que são lançadas ao fundo do mar e, com auxílio de motores, arrastam todos os organismos vivos no local para dentro das redes. A pesca de arrasto destrói completamente o hábitat de diversas espécies, e estima-se que a maior parte do que se captura é devolvido ao mar, sem vida, por não possuir interesse comercial.
                Além disso, há graves denúncias por parte de órgãos ambientais de que navios europeus teriam despejado, durante anos, lixo nuclear e metais pesados na costa somali.
                Abaixo, segue o documentário espanhol !Piratas!, dirigido por Juan Falque, sobre o surgimento da atividade pirata somali. 



Fonte:
 Entenda os ataques de piratas na Somália - Folha Online, 09-04-2009
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u548392.shtml

quarta-feira, 21 de março de 2012

“Vamos precisar de cinco planetas Terra”


Por Marina Peres Barbosa

A entrevista abaixo, permite que façamos reflexões e mais do que isso, que tomemos posições efetivas com relação à questão da sobrevivência do planeta, cujos efeitos da histórica ação antrópica (no sentido da degradação) não mostram-se mais tão distantes ou teóricos, para a maioria da pessoas . Aproveitemos estas questões para atentar-mos para a RIO+20 que acontecerá este ano, conheçamos mais, participemos dos rumos os quais a questão ambiental global toma.


RIO - Se países como Brasil, China e Índia resolverem copiar o estilo de vida dos países ricos, a conta não fecha. Seriam necessários cinco planetas Terra para atender a tamanha demanda. O diagnóstico foi feito pelo chinês Sha Zukang, secretário-geral da ONU para a Rio+20, a conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável que será realizada na cidade entre os dias 20 e 22 de junho. De passagem pelo Brasil para preparar a logística do encontro e participar de negociações com a ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, Sha deixou claro que “é urgente definir um conjunto de objetivos para garantir o sucesso da conferência”. E admitiu: “Não podemos falhar”.

O GLOBO: Qual é sua expectativa para a Rio + 20, já que, no fim do mês, será realizado em Nova York mais um encontro para definir o documento da conferência?
SHA ZUKANG: Em janeiro último, definimos o “rascunho zero” do documento final da Rio+20. O prazo final para entrega das propostas foi no último dia 29 de fevereiro, mas ainda estamos esperando algumas contribuições. Só depois que recebermos todas as propostas dos países é que vamos começar as negociações. Estamos tendo muitas dificuldades nessas reuniões preparatórias. Está bem difícil chegar a um acordo. Depois de todas as reuniões preparatórias, teremos apenas 15 dias para fechar as negociações. A restrição de tempo é uma das nossas maiores dificuldades.

O GLOBO: O senhor acredita que a crise financeira internacional também é um empecilho?
SHA: Sem dúvida a situação internacional não é muito favorável, até porque ela está atingindo os países ricos. E são justamente esses países os que têm mais responsabilidades na discussão climática. E para piorar ainda mais a situação, esses países estão, nesse momento, preocupados com as eleições nos seus próprios países. E são justamente os países da zona do euro os maiores doadores. E como a transição para uma economia de baixo carbono necessita de recursos financeiros, temos um problema, porque os países que são grandes doadores estão em crise financeira. Tudo isso está dificultando bastante as negociações. Ainda assim, estou confiante.
O GLOBO: A situação do mundo do ponto de vista ambiental está se agravando?
SHA: Temos que reconhecer que a situação é urgente, até porque muitas das decisões tomadas há 20 anos, na Rio-92, ainda não foram implementadas. E, nessas duas últimas décadas, a situação só piorou, tanto do ponto de vista da produção como do ponto de vista do consumo. O atual padrão de produção e consumo não pode continuar. É uma questão de sobrevivência da humanidade. Se todos os países emergentes, como Brasil, China e Índia, por exemplo, decidirem copiar o estilo de vida dos países desenvolvidos, seria necessários cinco planetas Terra para atender a todo esses aumento de demanda. Hoje, temos sete bilhões de pessoas no mundo; em 2050, seremos nove bilhões. Os recursos naturais estão dando sinais de escassez, enquanto a população mundial não para de crescer. E ainda precisamos erradicar a pobreza no mundo.

O GLOBO: Logo, o que o senhor está dizendo, é que a conta não está fechando?
SHA: Existe uma grande responsabilidade. Vejo a Rio + 20 como uma chance histórica de cuidar do desenvolvimento sustentável. Em vez de olharmos como uma questão de países desenvolvidos ou em desenvolvimento, é um tema que une toda a humanidade. Não podemos falhar, temos que ter sucesso.
O GLOBO: Qual é o papel do Brasil nesse contexto?
SHA: O Brasil é um líder, e não digo isso apenas para agradar ao país anfitrião. É um país grande, com influência regional e global. E fez um trabalho tremendo em integrar os três pilares: social, econômico e ambiental. Há ótimas experiências em erradicação de pobreza sob a gestão do presidente Lula e do atual governo.
O GLOBO: O que se espera do resultado da Rio + 20?
SHA: Devemos ser ambiciosos e muito práticos. Precisamos de objetivos. Claro que teremos palavras ao negociar, mas precisamos é de ação. A economia verde é o principal tema. Precisamos de um plano amplo, com etapas, opções de políticas e um conjunto de boas práticas. Também é interessante uma espécie de leve responsabilidade e um fórum que possa rever e acompanhar o que estiver em curso. É preciso de objetivos para medir quanto progresso estamos fazendo. Um conjunto de objetivos é absolutamente necessário. Outro ponto importante é o arcabouço institucional. Algumas propostas defendem uma espécie de conselho de desenvolvimento sustentável ou uma comissão.
O GLOBO: Por que a mudança climática não está na agenda da Rio +20?
SHA: Mudança climática é um tema sustentável. Quaisquer resultados que tenhamos vão certamente facilitar a questão da mudança climática e temos como o uso eficiente de energia. Tudo está relacionado. Não é verdade (que o assunto mudança climática não será tratado). Mas a Rio + 20 está tratando de um assunto muito mais amplo e maior do que a questão climática.

O GLOBO: O que é a economia verde?
SHA: Temos um debate sobre a definição (do que é economia verde). Não há uma definição clara. Pessoas diferentes têm visões diferentes. Mas certamente concordamos que (economia verde) não é um substituto para desenvolvimento sustentável, não deve levar ao protecionismo nem gerar condicionalidades para ajudas. A economia verde pode permitir a criação de postos de trabalho e tem o potencial de integrar os três pilares: econômico, social e ambiental. Mas a verdade é que atualmente muitos países praticam a economia verde. No meu país (China), fizemos uma legislação específica. Até países africanos são exemplos.

O GLOBO: Diante da atual situação internacional, podemos esperar que países doadores e instituições internacionais abram seus cofres?
SHA: A questão financeira é crítica para os países em desenvolvimento. Por que temos uma conferência sobre desenvolvimento sustentável? Porque não há sustentabilidade. Os países em desenvolvimento são o que podemos chamar de vítimas. Não estou culpando ninguém, mas nosso passado de desenvolvimento nos últimos 400 anos criou os problemas que enfrentamos hoje. Países em desenvolvimento não foram responsáveis por isso, eles estavam ocupados demais em encher seus estômagos. Já os países desenvolvidos têm responsabilidade de cumprir os compromissos já feitos, senão vão perder credibilidade. É por isso que dou ênfase à palavra implementação. Foi feito um compromisso há 20 anos. Não precisamos de mais palavras, mas de ações.

O GLOBO: Mas como esperar doações quando os países desenvolvidos estão em crise?
SHA: A maior parte dos países doadores está enfrentando problemas financeiros. Nós só podemos desejar que esses problemas acabem em breve ou muito rapidamente. Ficamos felizes, por exemplo, com o fato de os Estados Unidos estarem se recuperando. Mas a crise financeira é temporária, de curto prazo, enquanto o desenvolvimento sustentável é (uma questão) para o futuro, longo prazo. Não misturem. Os países desenvolvidos devem olhar à frente, com uma visão de longo prazo. Desenvolvidos ou em desenvolvimento, todos temos responsabilidades comuns. Deixe-me também enfatizar que a sustentabilidade deve ser uma responsabilidade do país. Nenhum país deve depender apenas da ajuda dos países desenvolvidos. Para alguns, alguma assistência será necessária para dar o pontapé ou acelerar o processo.

O GLOBO: Quais devem ser os pontos mais delicados do processo de negociação?
SHA: Como mencionei, o tempo deve ser a principal barreira. E há a questão da definição de economia verde, que não existe. Além disso, teremos que negociar algumas regras, que eventualmente vão restringir o comércio. Alguns objetivos podem afetar os países em desenvolvimento, que podem não ser capazes de atingir os critérios e perder mercado. Também terão que ter tecnologia, coisa que países pobres geralmente não têm. Nem possuem recursos para comprar. Essas são as preocupações. Não podemos ter objetivos ou critérios como uma fórmula que sirva para todos. O desenvolvimento sustentável deve ser apenas o começo, não um fim.

O GLOBO: O que é mais difícil para os país mudarem?
SHA: Os países desenvolvidos estão acostumados a um estilo de vida, então não é um trabalho simples mudar. Até para emergentes como China e Brasil não é fácil. O uso de energias renováveis, por exemplo, é muito bom. Vamos usar energia eólica, solar, hidrelétrica, nuclear. Mas elas são caras, quem vai pagar? Como atingir o equilíbrio entre usar a energia que vai reduzir a emissão de carbono, mas ao mesmo tempo ter energia suficiente para produzir comida? O importante, no entanto, é que transformemos desafios em oportunidades.

Referências: O Globo - Publicado em 09/03/2012.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Birdwatching

Por Lívia Modolo


"Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada

A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.

Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!"

Alberto Caeiro







O Birdwatching é uma prática que está começando a crescer no Brasil. Muito além do que o próprio nome diz, a observação de aves é um meio de unir diferentes pessoas com uma paixão em comum. A união dessas pessoas torna a prática uma ferramenta de educação ambiental eficiente onde o conhecimento é adquirido com descontração. O Birdwatching aguça nossa visão, fazendo com que percebamos muito mais aquilo que está ao nosso redor e aprendendo a dar a justa relevância aos elementos naturais e senti-los de forma diferente, com serenidade e atenção.
As aves apreciadas interagem com o meio, assim, além de aprender a identificá-las, os birdwatchers acabam por conhecer o fruto e o peixe do qual ela se alimenta, o capim da qual ela faz seu ninho, a árvore que ela repousa... Passando a amar todo o ambiente na qual ela vive e reconhecendo que é ali que a mesma deve permanecer.


 “Só amamos aquilo que conhecemos”!

Fontes: http://www.oeco.com.br/videos-oeco - A Prática do Birdwatching

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A moda e a República Democrática do Congo


           Por Isabela Romo

             A moda tem ganhado cada vez mais espaço na vida moderna. Inicialmente, suas funções principais se resumiam ao seu objetivo primordial – o vestir – e à distinção social. Por muito tempo, foi considerada como futilidade, mas a partir do século XX, quando criações inovadoras dos designers de moda começaram a mudar paradigmas sociais, acompanhando o surgimento de movimentos como o feminismo, por exemplo, uma atenção crescente passou a ser dispensada a este tema.
            Ao longo do século XX, a moda passou a representar estilos de vida e convicções políticas, sendo tratada como uma forma de expressão e de arte, movimentando milhões de dólares por todo o mundo, consolidando grandes marcas e tornando-as desejadas mundialmente.
            A moda ganha mais e mais espaço sendo tema de filmes, programas televisivos, revistas, foco de estudos sociais, históricos e econômicos. Na República Democrática do Congo, um grupo denominado SAPE (Société des Ambianceurs et Persons Élégants, ou Sociedade das Pessoas Divertidas e Elegantes), exemplifica de forma singular como a moda pode influenciar de maneiras decisivas as vidas de muitos indivíduos.
            Os sapeurs, como são chamados os integrantes deste movimento, são homens congoleses comuns que gastam todas as suas economias e empenham todos os seus esforços para conseguir peças de grifes famosas, principalmente européias, e vesti-las para eles é, acima de tudo, um modo de vida – muitos afirmam que quando usam estas roupas sentem-se pessoas melhores, especiais.
            O Congo passou por três guerras civis, nos anos de 1993, 1997 e 1998, período no qual o movimento foi enfraquecido. Após 2002, o movimento voltou a ganhar força, sendo utilizado pelo governo como forma de difundir uma visão de que o país passa por um período de estabilidade, associando o movimento à paz.
            Os sapeurs despertam opiniões divididas entre a população do país – alguns se alegram com sua vista extravagante e divertida, outros se espantam com o fato de os sapeurs despenderem tanto esforço para comprar roupas em vez de tentarem melhorar sua situação social. Alguns fotógrafos e jornalistas congoleses acreditam que os sapeurs ajudam o país a superar os traumas das três guerras civis.
            Em um país onde a maior parte da população está abaixo da linha da pobreza, mesmo com a crescente exportação de commodities como cobre, cobalto e diamantes, a existência de um movimento dedicado de tal forma à moda nos lembra de como a sociedade moderna deixou de lado a visão do ser humano como indivíduo que possui a possibilidade de crescer e adquirir conhecimento, relegando-o a posição de consumidor, ou de cartaz ambulante das grifes que desfila.


Para saber mais sobre os sapeurs:
 The Sapeurs of Congo: Open Gutters and Gucci Loafers, por Sean Murphy
http://www.africafeed.com/post/73905767/the-sapeurs-of-congo-open-gutters-and-gucci-loafers

The Beau Brummels of Brazzaville, por Tom Downey, em:
http://online.wsj.com/article/SB10001424053111903927204576574553723025760.html